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13.12.12

O coração de Bordallo












Ainda bate forte nas Faianças Artísticas. E que assim continue, com cada vez maior vitalidade. Não sendo hoje fácil emular o mestre original (porque bastante se deve também a seu filho, Manuel Gustavo), é obrigatório que o precioso legado se mantenha vivo e de boa saúde, para que o fulgor criativo de outros tempos possa ser revivido dentro e fora da fábrica. Com projectos como este. Uma visita inesquecível pela qual estou muito grato.

20.11.12

Hard copy 65


A TDM é uma empresa estatal moçambicana. O que faz disto um anúncio institucional. Provavelmente foi encomendado a uma agência. Embora, institucional ou não, com ou sem "profissionais" contratados, não fizesse qualquer diferença. São tantas e tão boas as camada de mau que até se torna redundante satirizá-las. Mas se pensarmos que esta realidade pode ser a nossa num futuro próximo... 

P.S. Acordo Ortográfico. Pois com certeza.

30.10.12

Susan says


"Genius is the ability to stay in an uncomfortable situation the longest."

Li esta frase numa entrevista com essa mulheraça intemporal que é a Susan Sarandon - dotes artísticos inclusos - e senti-me reconfortado. Estou longe do engenho mas pelo menos fico com uma sensação de propósito.

Ilustração: Ben Newman

25.10.12

The dwindling department


Mais um colega que nos deixa. As boas pessoas começam a rarear ominosamente. Uma constante, de há tempos para cá, mas menos mal que, desta vez, foi por vontade própria. Haja coragem e iniciativa. Felicidades, Nuno!

Ilustração: Jean Julien

24.10.12

Acordo, o escambal!


Por força das circunstâncias tenho vindo estudar, de forma lenta e dolorosa, o velho novo acordo ortográfico. E quanto mais me adentro na coisa, mais se adensa, não já o cepticismo, mas a pura aversão. Macacos me mordam se vou adoptar a bem este monstro criado pela burocracia travestida de pedagoga. Ora vejamos alguns exemplos, retirados de um blog brasileiro apropriadamente intitulado Português na Veia (à força).

No que diz respeito à acentuação gráfica:

1) Some o acento dos ditongos “éi” e “ói” de palavras paroxítonas.

Antes: jibóia, assembléia, idéia, heróico.
Depois: jiboia, assembleia, ideia, heroico.

ATENÇÃO! Só desaparece o acento das palavras paroxítonas. As oxítonas continuam acentuadas.

Ex: papéis, herói, dói.


Tendo em conta que o principal fundamento das alterações é de ordem fonética (a actualização que a oralidade imprime na escrita e consequente necessidade de normalização - regras que, lembre-se, não são meramente gramaticais, mas também morfológicas e sintácticas, com as decorrentes implicações semânticas. Um processo lógico e normativo que, naturalmente, se esvaíu na diarreia mental que é o A.O. de 1990), faz todo o sentido que, no português de Portugal, desapareça o acento (diferenciador fonético), por exemplo, em "heroico", que, como se sabe, é maioritariamente pronunciado com o [o] fechado, como se estivéssemos acomeditos de uma constrição faríngea ou com um grave problema no maxilar. Por outro lado, "papéis", claro, a grande maioria dos portugueses articula com o [e] aberto, escancarado a bocarra para produzir um som vocálico capaz de puxar o vómito.

(...)

4) Some o acento diferencial das formas pára/para, péla/pela, pêlo/pelo, pólo/polo e pêra/pera.

Antes: pára, péla, pêlo, pólo e pêra.
Depois: para, pela, pelo, polo e pera.

ATENÇÃO! O acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma pode ser usado opcionalmente. Indica-se o uso do acento para conferir maior clareza.


Pois então, não sendo difícil qualquer desempate contextual entre "pêlo" e "pelo", ou "pára" e "para" - porque os falantes portugueses estão entre os mais proficientes do cosmos e isto só vem facilitar a comunicação entre a malta - é absolutamente imprescindível que, de acordo com o racionalismo puro que emprenhou estas deduções linguísticas, "forma" e "fôrma" se diferenciem SEMPRE nas formas falada e escrita. Entretanto, caga nisso que o pretérito perfeito e o presente do indicativo ("andamos/ andamos") não comporte qualquer traço distintivo. Genial! Recomenda-se, portanto, ter um caderninho sempre à mão para eventuais esclarecimentos escritos ou desenhados.

5) Desaparece o acento agudo no “u” forte dos grupos que/qui/gue/gui de verbos como apaziguar, averiguar, arguir.

Antes: apazigúe, averigúe, argúi.
Depois: apazigue, averigue, argui.


(Conjugação do verbo "arguir", aqui.)

Quanto a esta pérola, que começa por ignorar a particularidade dos grupos [gu] e [qu], dá origem a tal confusão que prefiro transcrever o texto de um especialista, para eventuais interessados em (tentar) perceber a choldraboldra instalada:

Ora, quanto ao verbo arguir, eu é que faço algumas objecções na nova grafia recomendada pelo novo AO. De facto, argui («ele a.»), arguis («tu a.»), arguem («eles a.») deixam de ter acento. No meu ponto de vista, porém, no grupo gu ou no qu, o u, indissociável da consoante, ou é um símbolo que não se pronuncia ou tem o valor de semivogal quando não é tónico. É esta particularidade que não permite separar o u da vogal seguinte na translineação quando o u se pronuncia.

No novo AO, assemelha-se a grafia de argúi à de intui, quando as características do grupo gu são peculiares, o que justifica a diferença entre, por exemplo, arguimos e intuímos (o novo AO tem delinquimos, logo será na nova regra arguimos, como tem sido sempre, incoerentemente porque se depreende que passa a ser arguís [vós], como delinquís [vós] no texto).
Não creio que esta novidade, ao arrepio das decisões de bons vernaculistas anteriores, seja obra portuguesa.

Conclui-se:

Primeiro, que a inferioridade está agora do lado de Portugal. Se não podemos culpar os brasileiros por terem assim um amor tão grande à nossa língua, a ponto de apresentarem já um trabalho monumental sobre o novo AO, o que devemos é lamentar que não haja da nossa parte amor equivalente. 
Em segundo lugar, lembra-se que aberto um precedente pelo Brasil em não respeitar o texto do acordo de 1990, também eu posso recusar em Portugal as novas formas do verbo arguir recomendadas pelo novo AO; e fica aberta a porta para uma disputa de alterações discricionárias ao texto do acordo, dado que em Portugal estamos sem rei nem roque.

D´Silvas Filho, in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, 2009

Em diversos suportes "explicativos" do novo A.O., atesta-se, com confiante sapiência, que "(...) as conjugações do [sic] verbos 'arguir' e 'redarguir' deixam de ter acento" (in Aprende o Acordo Ortográfico com o... Prof. Girassol, Girassol Edições, Lda). E mai'nada. Pobres crianças. Pobres de todos nós.

Poderia ainda referir a acentuação algo discricionária dos verbos terminados em [guar], como "enxaguar", de acordo "com a pronúncia", mas já estou exausto. Onde apelo que se passe a grafar de acordo com as diversíssimas variações regionais da mesma, para tornar esta merda ainda mais divertida e desafiante.

Ilustração: Leslie A. Wood

20.9.12

Fragmentos de copy, ou um cadáver esquisito


Já foste exposto à ignorância radioactiva daquela tipa?

Não te conheço, mas porque é que a tua assinatura de email está em itálico?

… É muito estilo Colecções Philae meets plásticos Domplex.

A alma portuguesa com geleia real.

E com um par de ovos se faz a Páscoa.

Olhaa, o que é que a tua mãe faz? És comunista? O teu pai está desempregado? Aaah…

“Estou a ter uma crise existencialista.”

Vem experimentar uma coisa em grande e sente o teu prazer aumentar.

Oxalá chegues àquela idade com a mesma patine na simpatia.

Desculpe, mas a sua finesse não lhe permite assegurar as necessidades básicas da boa educação?

O meu passado sórdido veio estagiar dois dias para a vivenda ao lado.

Eu localhosto, tu localhostas, ele localhosta

“Conheces as Pussy Riô?”

“Boroa”?! Mas quem raio escreve “boroa”?

"Olhaa, 'camarão' é com maiúscula ou minúscula? Aaah…"

- “Ça va?”
- Ça. Já não há orçamento para o va.

- “No tempo do Salazar é que se estava bem.”
- Acima de tudo porque tu não eras nascida.

Não é quaisqueres, é quaisquer. Não é hajam, é haja. Não é eu disse a elas, é eu disse-lhe. Não é há-des, é hás-de. O acento é para a esquerda, não para a direita. Não é vistes, é viste. Não é asterístico…

- “O que é a ri-ã-trê? [n.d.r.: rentrée]”
- É uma festa popular "tunísia".

Podes perfeitamente sacrificar a originalidade à funcionalidade e até à mera conveniência, mas não esperes que a tua dignidade faça a síntese.

Cadavre exquis pintado por Leonora Carrington e o seu filho Pablo Weisz-Carrington

29.8.12

Foi milagre da Virgem!


É a única razão plausível para ter quebrado o voto de castidade a farinhas processadas, gorduras saturadas e açúcares refinados, e rasgado de supetão a minha veste de monástica devoção à alimentação natural. Foi, porventura, ao constatar a minha angústia face aos desafios profissionais que se avizinham - "A nova fórmula concentrada é ainda mais potente a eliminar o calcário e a gordura! E a um preço mais baixo!"-, ao fracasso em limpar a veia da cafeína -"Cagueiparaquempediualteraçõessefizeramalteraçõestêmdemeavisarprimeiroé
sempreamesmamerdafoda-se!" - e ao profundo pesar em cumprir quarenta suados verões ao serviço da taberna lusitana - "A sério? Não parece nada que estás a entrar rápida e inexoralmente na meia-idade, virtualmente morto para o mercado de trabalho, que te encara como entidade obsoleta, reactiva e esbanjadora de recursos, e a ficar um gajo inconveniente e ausente para a família e genericamente desagradável aos olhos dos transeuntes e de alguns amigos!". 
Um pacote inteiro de bolachas Maria deglutido de rajada jaz agora nas minhas entranhas, a aguardar processamento. Ou foi para me fazer mexer, ou para me consolar, ou as duas coisas, que a Virgem interveio. Monossacarídeos! Glúten! Lactose! Banha de porco! O teu consolo, Maria, não será esquecido. Pelo menos enquanto esta azia durar.

25.6.12

Descarga emocional

Há tempos saiu no i online uma "notícia" que nos apresentava de modo cândido o dito "salário emocional", conceito cunhado por esclavagistas de coração doce nos anais da trafulhice, visando, decerto, confortar a alma dos trabalhadores que já arranham muito por muito pouco, mesmo à beirinha de uma ladeira a pique. Parece que a Associação dos Salafrários com Dois Apelidos Finórios e Conjunção Coordenativa achou que seria uma ideia genial dar um empurrãozinho amoroso para criar habituação, como disse ao i António Brandão de Vasconcelos (pois com certeza), logo depois de passar à administração do jornal o pastel necessário para pagar as senhas de refeições dos estagiários (pois sim). Atente-se na seguinte bomba de neutrões da falta de vergonha:

"A máxima 'o dinheiro não é tudo' ganha cada vez mais força. E para o presidente da Everis pode sintetizar-se num conjunto de medidas: 'Comunicar de uma forma totalmente transparente, ter tempo para ouvir, reconhecer e agradecer o empenho e o compromisso, celebrar colectivamente os êxitos, dar espaço para as preocupações são alguns pormenores', enumera o responsável. No caso da empresa de consultoria, começa pelo trato. António Brandão de Vasconcelos faz questão de ser tratado só por António em vez de senhor engenheiro, mesmo pelos estagiários. 'Estamos em presença de uma situação win-win', concluiu."

Toni, faço-te uma proposta justa e consequente. Se puder entrar no teu gabinete sem avisar nem bater à porta, sentar-me em cima da secretária, acender um cigarro com o isqueiro que trazes na lapela, e, enquanto me peido sem clemência nas tuas trombas, espetar o cigarro nas tuas partes baixas, obrigando-te de seguida a reproduzir uma cena do filme Deliverance ao mesmo tempo que pego fogo aos teus estores, para logo te fazer cantar o "Barco Negro" com chamas em fundo, podemos negociar uns abracinhos salariais durante, digamos, uma semana, para ver como as coisas correm, pode ser?

20.6.12

O mundo segundo Scott Adams

Ou a deprimente familiaridade de Dilbert. 


13.6.12

Pay the fucking writer, motherfuckers!


À minha pequena escala, compreendo tão bem esta reacção de Harlan Ellison. Bom, e não é preciso escrever, basta trabalhar em Portugal em qualquer área criativa.

Obrigado, P.

24.5.12

A revolta de um copy


Levas um cabeçalho que te parto todo!

Tipografia de Dani Chaparro

23.5.12

And I rest my case


Visto no Jornal de Negócios, 17 de Maio de 2012

21.5.12

Agora não


Hello. This is an automatic reply.

I'm on a Strategy Accomplishment of Advent Precision CRM & Internal Mapping meeting.

If you have any queeries, please forward them to Sara Vaz Cunha Tupperware e Castelão, Interbusiness Relations, Brand Value Evolvement and Concept Enhancer Manager.

Thank you.

João Subprime de Cotton

Concept Zeitgeist Motivation, Mise-en-scène Priority Advising, 
and Catalistic Empowerment Analysis Chief Manager

O marketing e coisas que tais


Em termos de terminologia profissional, e falando de Portugal, o marketing é um universo muito à parte. Não só porque as palavras e expressões são comummente estrangeiras, mas também porque as vemos aplicadas de forma liberal a um conjunto alargado de noções e de procedimentos que podem ou não representá-las. Confortável. Na verdade, estou convencido de que o léxico se vai metamorfoseando para dar origem a esoterismos aproximados às necessidades imediatas, dir-se-ia com a volatilidade do mercado sobre o qual pairam numa neblina sabichona. Aquela linguagem que dominam os especialistas em "below the waist", como diz um amigo meu, e cuja identificação grupal se gera algures entre a brand, o buzz e o appeal, com um toque de zeitgeist e 2.0, para a coisa não parecer monolingue e sequita. Se houver PowerPoints com gráficos e citações de Kotler, metidos a preceito no meio de focus groups em ponto de rebuçado, a identificação é total. Nesse chão fértil em euforia lúdica e desopilanço especulativo, começam a brotar necessidades bizarras, como a de contratar um Dynamic Creative Supervisor, fazer o upgrade do Costa dos Recursos Humanos para Director of Application Support and Creative Processes ou mandar embora uma dezena de qualquer coisa officers, e uma dúzia de managers de qualquer coisa. As enormidades nunca são suficientemente grandes. Note-se que a capacidade de reinvenção desta autêntica língua é tão espantosa quanto a sua entropia. Mas, lá está, de algum modo tudo faz sentido, como o dirá, seguramente, o Champion, Family and Retail Cluster Manager de uma qualquer empresa nacional. 

Obrigado pela dica, A.

5.4.12

Eu vi um sapo


E você, já engoliu o seu hoje?

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