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15.11.12
O Slogan Recalcitrante 3
Pérolas esquecidas nos lineares de supermercado. Um encontro fortuito com a arte de criar claims, à procura de uma refeição de preparação rápida, económica e - esperança vã - saudável. A riqueza polissémica, a equilibrada escolha lexical e o reaproveitamento picaresco da coloquialidade, sintetizados numa homenagem franga à idiomaticidade - interpretada a gosto, visto encontrar-se numa embalagem de hambúrgueres de peru.
Na sequência de outros ensaios já postados, proponho-me adoptar tentativamente os mesmos critérios no rebranding de marcas interessadas em afirmar o seu carácter nacional. Não sei que marca gostaria hoje de afirmar o seu carácter nacional, mas deixo isso ao critério de indivíduos com conhecimentos profundos de secretaria.
Por exemplo, uma marca no mesmo segmento de negócio, mas com as carnes vermelhas por foco - imaginemos, Porquivaca - poderia ostentar algo como:

Do mesmo modo, uma empresa distribuidora de peixe congelado - Peixófrio -, beneficiaria de uma releitura deste tipo, valorizando o espectro temporal de conservação:

Se é que me faço entender.
(Com o inestimável contributo estético de Filomena L.)
25.10.12
Hard copy 64
Ou quando "usar a cabeça" é a expressão figurativa do seu oposto. Aqui, hard design seria mais adequado.
20.9.12
7.9.12
Um Gorgulho na cama
E já que falamos em bens alimentares, eis Lady Gorgulho numa elegante produção fotográfica de Terry Andy-Warhol-wannabe Richardson. A porcalhona favorita das estrelas meets a badalhoca do momento. Numa pose ao estilo chouriçada no quarto "Oriente Esbraseante" da casa de alterne mais fina de Caxinas, Gorgulho, que já não sabe que uso dar ao dinheiro, faz retenção anal com um rolo de notas de quinhentos. Foge, Bobi, que a seguir és tu.
Louvai o senhor
Não sei para que lhe serve o dinheiro, mas contribui de certeza para o ar de nababo presuntuoso refastelado no trono, a esboçar um boneco descontraído e branqueado, semi-sorriso complacente e manápula executora fingindo indolência. A alva cabeleira em cenário bucólico quase lhe dá uma bonomia quintaleira. Para que servirá o dinheiro a este avô matreiro? Talvez para ir muito além das cantigas, do folclore histérico, dos chavões encerados e do populismo mais infesto... Não estamos nós cansados de saber o que está realmente por trás do realejo e das farturas destes empresários? Poder. Autoritarismo. Domínio. Mais dinheiro e cada vez menos escrúpulos. E quem impingiu pão e circo com tão diabólico engenho que, hoje, basta dar uma ordem e, mesmo enchouriçados, os portugueses acorrem ao templo para lhe dar o dízimo? Porque este já fez de Portugal, não o seu quintal, que é de somenos, mas a sua ostra. Bem chupadinha e acompanhada por um Redoma Reserva fresquinho. Consta que já é coisa para ser paga com cartão.
A imagem foi rapinada daqui.
29.8.12
Foi milagre da Virgem!
sempreamesmamerdafoda-se!" - e ao profundo pesar em cumprir quarenta suados verões ao serviço da taberna lusitana - "A sério? Não parece nada que estás a entrar rápida e inexoralmente na meia-idade, virtualmente morto para o mercado de trabalho, que te encara como entidade obsoleta, reactiva e esbanjadora de recursos, e a ficar um gajo inconveniente e ausente para a família e genericamente desagradável aos olhos dos transeuntes e de alguns amigos!".
Um pacote inteiro de bolachas Maria deglutido de rajada jaz agora nas minhas entranhas, a aguardar processamento. Ou foi para me fazer mexer, ou para me consolar, ou as duas coisas, que a Virgem interveio. Monossacarídeos! Glúten! Lactose! Banha de porco! O teu consolo, Maria, não será esquecido. Pelo menos enquanto esta azia durar.
24.7.12
Expliquem-me como se fosse um atrasado mental de esquerda... ou de direita
O Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, apresentou publicamente um livro intitulado A Crise Explicada às Crianças. Este tem a particularidade de ter "duas caras": dum lado uma capa de fundo azul com o conteúdo dirigido a - pasmem-se! - miúdos de direita, do outro uma capa vermelha dirigida a miúdos de esquerda. Lá dentro efabula-se com ilustrações dum urso gordo - o défice - e abelhas furiosas - os mercados. Imagina-se a bela moral da história, dirigida aos paizinhos semi-analfabetos e crédulos. Às crianças explicam-se os factos da vida metaforicamente, com recurso a abelhinhas, flores, ursinhos. A crise também se explica assim, pelos vistos. Às crianças do bibe vermelho, que são de esquerda e às do bibe azul, que são de direita.
Aos adultos já não é bem assim. Estes necessitam de explicações mais adequadas à sua idade, recorrendo a um imaginário mais maduro, explícito mesmo. Por isso sugiro esta publicação, com alegorias igualmente ilustradas, explicando a crise aos crescidos. Para aqueles adultos - de bibe vermelho ou azul – que ainda não perceberam bem como a hegemonia do poder financeiro anda a fecundar a cidadania e tudo o que apanha à frente. Como pronunciaria uma criancinha inocente: "metafodicamente", claro.
Post de Pedro M.
Aos adultos já não é bem assim. Estes necessitam de explicações mais adequadas à sua idade, recorrendo a um imaginário mais maduro, explícito mesmo. Por isso sugiro esta publicação, com alegorias igualmente ilustradas, explicando a crise aos crescidos. Para aqueles adultos - de bibe vermelho ou azul – que ainda não perceberam bem como a hegemonia do poder financeiro anda a fecundar a cidadania e tudo o que apanha à frente. Como pronunciaria uma criancinha inocente: "metafodicamente", claro.
Post de Pedro M.
25.6.12
18.6.12
O plágio é a nova criatividade
"Se não podemos pôr o cavalo a correr em slowmo pômo-lo a relinchar em Auto-Tune,
mas estás à espera do quê?!..."
Numa crónica escrita há uns meses para o Jornal Económico, a propósito desta e daquela sirénica "controvérsia" na publicidade portuguesa, o estimado Eduardo Cintra Torres pondera o seguinte:
"Hoje, a cópia tornou-se viral; perdeu o forte valor negativo que ainda tinha no século XX. Estudantes copiam da Internet, jornalistas copiam dos outros media, escritores copiam livros doutrem, porque não haveriam os publicitários de se inspirar noutros conteúdos audiovisuais?
Nos dois casos referidos, o plágio ou cópia impressiona por estar tão próximo no tempo dos originais. Os anúncios da Optimus e da PT sacam ideias e materiais de conteúdos recentíssimos. Parece-me que o mundo publicitário desenvolveu um pacto de não-agressão, que permite aos "criativos" imitarem hoje porque poderão ser imitados amanhã. O número de ideias novas é finito, pelo que a publicidade aceita como regra do jogo entrar numa espiral sem fim de "tu copias-me, eu copio-te", sem originar, como no final do século XX, ofensas de publicitários com casos gritantes de plágio ou imitação. Tal como se copiam materialmente filmes e músicas para o computador, com três cliques no teclado, copiam-se anúncios ou vídeoclips em recriações mais ou menos plagiadas sem que o plagiado mexa um dedo. A sociedade hipermediatizada resolveu assim, pois, a espiral do plágio: banalizou-o, naturalizou-o e inocentou-o informalmente.
O espaço público na Internet não deixa escapar o crescente assalto intertextual; o mesmo aconteceu agora. Descobrir referências intertextuais é sempre um prazer, mesmo quando resultam de cópias ou plágios e não de meras inspirações. Mas, ao contrário do que sucedeu em casos anteriores, desta feita os internautas foram muito lenientes com os publicitários da PT. Julgo que o motivo é este: o anúncio da PT é visualmente espectacular e a canção "Sail" (navegar, mesmo a calhar), de Awolnation, encaixa como uma luva."
O que Cintra Torres diz é desconcertante. Por um lado evidencia o que se tornou prática quotidiana e escancarada no universo criativo. Por outro, sublinha o sentido de timing como único aspecto discutível, terminando a fazer o que me parece a apologia do plágio, baseada no preceito da boa execução. Simplesmente, e dado o flagrante aproveitamento da ideia, tom e maneira da peça que o precedeu, o anúncio em causa está no limiar do roubo, a léguas do espírito de recriação ou reaproveitamento defendido por muitos criadores ao longo de gerações, como é o caso ilustre de Mark Twain. Com base nestes pressupostos perniciosos (e convenientes?), deixaria de existir propriedade intelectual e o aforismo de Edison veria retorcida a sua lógica para "criatividade é 1% transpiração e 99% inspiração (no esforço alheio)". O trabalho criativo era para Edison, e, quero crer, é-o ainda para a maioria das pessoas que lida com ideias como modo de vida, duro e honesto. Se o mérito no processo de concepção, desenvolvimento e implementação de uma ideia (que é, já o sabemos, compósita por definição) for substituído pelo elogio da execução técnica feito por foristas virtuais amantes "da boa fotografia", qualquer Zé Careta com ideias próprias, um módico de competência e boas notas a História pode reescrever um romance de Mário de Carvalho. A editora atavia-o com uma capa dura e acetinada, desenhada por alguém que gosta especialmente do labor de, digamos, Ana Boavida e João Bicker, e teremos facilmente uma obra de grande fulgor artístico. Como se a criatividade se tivesse transformado num grande irmão da reciclagem discricionária, onde a marca de alguém é prerrogativa de todos, a pilhagem ascende a método e o estardalhaço imediato se converte em único objectivo. Faz sentido.
(Uma perspectiva pedagógica sobre o assunto, aqui.)
(Uma perspectiva pedagógica sobre o assunto, aqui.)
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