21.5.12

O marketing e coisas que tais


Em termos de terminologia profissional, e falando de Portugal, o marketing é um universo muito à parte. Não só porque as palavras e expressões são comummente estrangeiras, mas também porque as vemos aplicadas de forma liberal a um conjunto alargado de noções e de procedimentos que podem ou não representá-las. Confortável. Na verdade, estou convencido de que o léxico se vai metamorfoseando para dar origem a esoterismos aproximados às necessidades imediatas, dir-se-ia com a volatilidade do mercado sobre o qual pairam numa neblina sabichona. Aquela linguagem que dominam os especialistas em "below the waist", como diz um amigo meu, e cuja identificação grupal se gera algures entre a brand, o buzz e o appeal, com um toque de zeitgeist e 2.0, para a coisa não parecer monolingue e sequita. Se houver PowerPoints com gráficos e citações de Kotler, metidos a preceito no meio de focus groups em ponto de rebuçado, a identificação é total. Nesse chão fértil em euforia lúdica e desopilanço especulativo, começam a brotar necessidades bizarras, como a de contratar um Dynamic Creative Supervisor, fazer o upgrade do Costa dos Recursos Humanos para Director of Application Support and Creative Processes ou mandar embora uma dezena de qualquer coisa officers, e uma dúzia de managers de qualquer coisa. As enormidades nunca são suficientemente grandes. Note-se que a capacidade de reinvenção desta autêntica língua é tão espantosa quanto a sua entropia. Mas, lá está, de algum modo tudo faz sentido, como o dirá, seguramente, o Champion, Family and Retail Cluster Manager de uma qualquer empresa nacional. 

Obrigado pela dica, A.

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