Mostrar mensagens com a etiqueta Ilustração. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ilustração. Mostrar todas as mensagens

13.1.16

Selfie yourself free


As pessoas tiram selfies para se lembrarem que existiram?

(Ilustração: Jean Julien)

Criteria


Only What's Necessary: Charles M. Schulz and the Art of Peanuts, Chip Kidd

27.3.13

I Am Me


God in His infinite wisdom
Did not make me very wise -
So when my actions are stupid
They hardly take God by surprise

Lagston Hughes, "Acceptance"

Ilustração de Mark Weber

Novembro em Abril


The stripped and shapely
Maple grieves
The ghosts of her
Departed leaves.

The ground is hard,
As hard as stone.
The year is old,
The birds are flown.

And yet the world,
In its distress,
Displays a certain
Loveliness —

John Updike, "November"

Ilustração de Alberto Ruggieri

22.3.13

Ou como dar a volta a um dia mau


Notas terapêuticas 8



Uma bela notinha passivo-agressiva cortesia do artista norte-americano David Fullarton.

5.2.13

Love is lovely


“The only thing we never get enough of is love; and the only thing we never give enough of is love.”

Henry Miller

Ilustração: Jerry Silverberg

10.12.12

Ou vai ou racha

 
Não sendo possível redimir o passado, é aconselhável talhá-lo bem fundo. Com pancadas raivosas e incertas, para a coisa partir sonora e generosamente. Portanto, que os argumentos se tornem mais contundentes, as arestas mais pronunciadas e os gestos mais bruscos, porque em dias de ocaso as oportunidades nascem à golpada, as ideias brotam do entulho e uma posição só fica clara se deixar um rasto bem escuro.

Ilustração: David Fullerton

Eco


Não há nada mais estimulante para a partilha interpessoal do que ouvir do interlocutor: "Está tudo bem, não está?".

Ilustração: Rob Colvin

16.11.12

Bestas


Quem, incauto, lesse o Jornal de Negócios de ontem – como eu, que não vi nem li nada previamente e o apanhei no trabalho –, ficaria inclinado a pensar que Isabel Choné é uma mártir (apesar de, aparentemente, apenas um corropio melindrado de tias e tios ter tomado a sua defesa, o que dificulta a empatia) e que os acontecimentos frente à Assembleia da República, em dia de Greve Geral, se reduziram à actuação de um grupo de celerados que foram valentemente rechaçados por uma polícia que demonstrou notável contenção perante uma violência brutal. Por acaso, verificou-se que a dita intervenção foi essencialmente uma retaliação raivosa e indiscriminada. Não será legítimo pedir estoicismo a indivíduos agredidos sem apelo nem agravo durante mais de uma hora. Não. Mas é por isso que são “agentes da autoridade”, treinados, comandados e (mal) pagos para analisar as situações e agir coordenadamente, com discernimento e estratégia. Para dar cacetadas a torto e a direito, com o cérebro toldado pela adrenalina, as frustrações e os recessos sortidos do subconsciente, qualquer barrasco serve. Apesar de cada vez evoluir mais nesse sentido, a realidade social ainda não é uma experiência de Milgram colectiva. Não é um reality show, onde se fabricam conflitos para entretenimento de audiências dessensibilizadas. É o agora e o depois com um nível de responsabilização e consciência que nunca como hoje foi tão agudo em democracia. E no entanto houve criaturas que avaliaram a situação escrevendo (numa crónica com o alcandorado título de "Não passarão!"): “(…) A legitimidade para decidir a nossa vida colectiva está ali [no Parlamento]. Não está na rua. (…) Em Democracia, o poder não se dita a partir da rua.” Claro que não. Porque enquanto ficas com a peida sentadinha a cagar postas ridículas, vives a tua democracia a ser enganado, roubado, enxovalhado, desrespeitado como indivíduo e cidadão, sujeito a toda a espécie de imposições anti-democráticas, com o intuito já pouco disfarçado de aniquilar as estruturas básicas do país e de hipotecar qualquer possível reabilitação futura, vendo a mentira e a corrupção institucionalizarem-se e serem sancionadas pelos próprios “representantes” que a deveriam combater, confrontado com toda a espécie de assimetrias abjectas alimentadas com a carcaça dos desfavorecidos, tendo conhecimento diário das acções e comentários de uma corja avessa à honestidade, ao pudor e à eficácia, que não raras vezes deixa escapar um arroto gordo de auto-satisfação e de profundo desprezo pelas 15 pessoas que saíram à rua na altura devida para, porventura, a eleger. Como recompensa, porque não contribuíste para a concentração – e tiveste a sorte de não ir a passar por acaso –, evitas uma porradona da bófia e moves o teu pescoço naturlamente inerte em aprovação das palavras firmes e hirtas de Miguel Macedo, o Estudante Pálido desta farsa.
Os sicários, profissionais ou não, que despoletaram aquela desastrosa reacção, não eram um exército, não tinham um plano diabólico e meticulosamente traçado para rebentar com o Parlamento, não eram uma ameaça intransponível nem estavam infiltrados clinicamente entre os manifestantes. Podemos apenas imaginar o que seria se estivessem, e que tipo de reacção iriam então originar nas entidades encarregadas de garantir a ordem pública.
A cadeia de comando de tudo isto não está na rua, pois não, isso com certeza. E os criminosos que atiram pedras talvez merecessem outra avaliação se escolhessem devidamente os seus alvos. Do mesmo modo que os senhores polícias, ao investir na direcção exactamente oposta, poderiam
contribuir com a punição de alguns criminosos, esses sim organizados e de alto calibre. Acontecendo o que aconteceu, estão ambos do mesmo lado da barricada. O das bestas.

Ilustração: "Democracy", Janusz Kapusta

31.10.12

Waiting for the sun


For Pasi, who was caught in a hurricane.


















 Ilustração: Geoff McFetridge

30.10.12

Susan says


"Genius is the ability to stay in an uncomfortable situation the longest."

Li esta frase numa entrevista com essa mulheraça intemporal que é a Susan Sarandon - dotes artísticos inclusos - e senti-me reconfortado. Estou longe do engenho mas pelo menos fico com uma sensação de propósito.

Ilustração: Ben Newman

25.10.12

The dwindling department


Mais um colega que nos deixa. As boas pessoas começam a rarear ominosamente. Uma constante, de há tempos para cá, mas menos mal que, desta vez, foi por vontade própria. Haja coragem e iniciativa. Felicidades, Nuno!

Ilustração: Jean Julien

24.10.12

Acordo, o escambal!


Por força das circunstâncias tenho vindo estudar, de forma lenta e dolorosa, o velho novo acordo ortográfico. E quanto mais me adentro na coisa, mais se adensa, não já o cepticismo, mas a pura aversão. Macacos me mordam se vou adoptar a bem este monstro criado pela burocracia travestida de pedagoga. Ora vejamos alguns exemplos, retirados de um blog brasileiro apropriadamente intitulado Português na Veia (à força).

No que diz respeito à acentuação gráfica:

1) Some o acento dos ditongos “éi” e “ói” de palavras paroxítonas.

Antes: jibóia, assembléia, idéia, heróico.
Depois: jiboia, assembleia, ideia, heroico.

ATENÇÃO! Só desaparece o acento das palavras paroxítonas. As oxítonas continuam acentuadas.

Ex: papéis, herói, dói.


Tendo em conta que o principal fundamento das alterações é de ordem fonética (a actualização que a oralidade imprime na escrita e consequente necessidade de normalização - regras que, lembre-se, não são meramente gramaticais, mas também morfológicas e sintácticas, com as decorrentes implicações semânticas. Um processo lógico e normativo que, naturalmente, se esvaíu na diarreia mental que é o A.O. de 1990), faz todo o sentido que, no português de Portugal, desapareça o acento (diferenciador fonético), por exemplo, em "heroico", que, como se sabe, é maioritariamente pronunciado com o [o] fechado, como se estivéssemos acomeditos de uma constrição faríngea ou com um grave problema no maxilar. Por outro lado, "papéis", claro, a grande maioria dos portugueses articula com o [e] aberto, escancarado a bocarra para produzir um som vocálico capaz de puxar o vómito.

(...)

4) Some o acento diferencial das formas pára/para, péla/pela, pêlo/pelo, pólo/polo e pêra/pera.

Antes: pára, péla, pêlo, pólo e pêra.
Depois: para, pela, pelo, polo e pera.

ATENÇÃO! O acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma pode ser usado opcionalmente. Indica-se o uso do acento para conferir maior clareza.


Pois então, não sendo difícil qualquer desempate contextual entre "pêlo" e "pelo", ou "pára" e "para" - porque os falantes portugueses estão entre os mais proficientes do cosmos e isto só vem facilitar a comunicação entre a malta - é absolutamente imprescindível que, de acordo com o racionalismo puro que emprenhou estas deduções linguísticas, "forma" e "fôrma" se diferenciem SEMPRE nas formas falada e escrita. Entretanto, caga nisso que o pretérito perfeito e o presente do indicativo ("andamos/ andamos") não comporte qualquer traço distintivo. Genial! Recomenda-se, portanto, ter um caderninho sempre à mão para eventuais esclarecimentos escritos ou desenhados.

5) Desaparece o acento agudo no “u” forte dos grupos que/qui/gue/gui de verbos como apaziguar, averiguar, arguir.

Antes: apazigúe, averigúe, argúi.
Depois: apazigue, averigue, argui.


(Conjugação do verbo "arguir", aqui.)

Quanto a esta pérola, que começa por ignorar a particularidade dos grupos [gu] e [qu], dá origem a tal confusão que prefiro transcrever o texto de um especialista, para eventuais interessados em (tentar) perceber a choldraboldra instalada:

Ora, quanto ao verbo arguir, eu é que faço algumas objecções na nova grafia recomendada pelo novo AO. De facto, argui («ele a.»), arguis («tu a.»), arguem («eles a.») deixam de ter acento. No meu ponto de vista, porém, no grupo gu ou no qu, o u, indissociável da consoante, ou é um símbolo que não se pronuncia ou tem o valor de semivogal quando não é tónico. É esta particularidade que não permite separar o u da vogal seguinte na translineação quando o u se pronuncia.

No novo AO, assemelha-se a grafia de argúi à de intui, quando as características do grupo gu são peculiares, o que justifica a diferença entre, por exemplo, arguimos e intuímos (o novo AO tem delinquimos, logo será na nova regra arguimos, como tem sido sempre, incoerentemente porque se depreende que passa a ser arguís [vós], como delinquís [vós] no texto).
Não creio que esta novidade, ao arrepio das decisões de bons vernaculistas anteriores, seja obra portuguesa.

Conclui-se:

Primeiro, que a inferioridade está agora do lado de Portugal. Se não podemos culpar os brasileiros por terem assim um amor tão grande à nossa língua, a ponto de apresentarem já um trabalho monumental sobre o novo AO, o que devemos é lamentar que não haja da nossa parte amor equivalente. 
Em segundo lugar, lembra-se que aberto um precedente pelo Brasil em não respeitar o texto do acordo de 1990, também eu posso recusar em Portugal as novas formas do verbo arguir recomendadas pelo novo AO; e fica aberta a porta para uma disputa de alterações discricionárias ao texto do acordo, dado que em Portugal estamos sem rei nem roque.

D´Silvas Filho, in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, 2009

Em diversos suportes "explicativos" do novo A.O., atesta-se, com confiante sapiência, que "(...) as conjugações do [sic] verbos 'arguir' e 'redarguir' deixam de ter acento" (in Aprende o Acordo Ortográfico com o... Prof. Girassol, Girassol Edições, Lda). E mai'nada. Pobres crianças. Pobres de todos nós.

Poderia ainda referir a acentuação algo discricionária dos verbos terminados em [guar], como "enxaguar", de acordo "com a pronúncia", mas já estou exausto. Onde apelo que se passe a grafar de acordo com as diversíssimas variações regionais da mesma, para tornar esta merda ainda mais divertida e desafiante.

Ilustração: Leslie A. Wood

21.9.12

Conselho de Estado











Hoje, e em portugês, numa latrina mais ou menos perto de si.

Ilustração: Jordi Sàbat

30.8.12

Could this be me?


Os desenhos very funny de Marc Johns, para ver aqui.

2.7.12

Segredos


 "(...) Meu amor por Alana não aceita essa simplicidade de coisa concluída, de casal para sempre, de vida sem segredo. Por trás desses olhos azuis há mais, no fundo das palavras e dos gemidos e dos silêncios alenta outro reino, respira outra Alana. Nunca lhe disse isso, gosto demasiado dela para despedaçar essa superfície de felicidade pela qual hão deslizado já tantos dias, tantos anos."

Julio Cortázar, excerto de "A Orientação dos Gatos" (retirado de Queremos tanto a Glenda), tradução adaptada

Ilustração: Adam Hancher, "Holding Loneliness"

6.6.12

O mundo segundo Edward Gorey









“My mission in life is to make everybody as uneasy as possible. I think we should all be as uneasy as possible, because that's what the world is like.”

Edward Gorey, Ascending Peculiarity: Edward Gorey on Edward Gorey

Arquivo do blogue