29.8.12

Foi milagre da Virgem!


É a única razão plausível para ter quebrado o voto de castidade a farinhas processadas, gorduras saturadas e açúcares refinados, e rasgado de supetão a minha veste de monástica devoção à alimentação natural. Foi, porventura, ao constatar a minha angústia face aos desafios profissionais que se avizinham - "A nova fórmula concentrada é ainda mais potente a eliminar o calcário e a gordura! E a um preço mais baixo!"-, ao fracasso em limpar a veia da cafeína -"Cagueiparaquempediualteraçõessefizeramalteraçõestêmdemeavisarprimeiroé
sempreamesmamerdafoda-se!" - e ao profundo pesar em cumprir quarenta suados verões ao serviço da taberna lusitana - "A sério? Não parece nada que estás a entrar rápida e inexoralmente na meia-idade, virtualmente morto para o mercado de trabalho, que te encara como entidade obsoleta, reactiva e esbanjadora de recursos, e a ficar um gajo inconveniente e ausente para a família e genericamente desagradável aos olhos dos transeuntes e de alguns amigos!". 
Um pacote inteiro de bolachas Maria deglutido de rajada jaz agora nas minhas entranhas, a aguardar processamento. Ou foi para me fazer mexer, ou para me consolar, ou as duas coisas, que a Virgem interveio. Monossacarídeos! Glúten! Lactose! Banha de porco! O teu consolo, Maria, não será esquecido. Pelo menos enquanto esta azia durar.

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