Há tempos saiu no i online uma "notícia" que nos apresentava de modo cândido o dito "salário emocional", conceito cunhado por esclavagistas de coração doce nos anais da trafulhice, visando, decerto, confortar a alma dos trabalhadores que já arranham muito por muito pouco, mesmo à beirinha de uma ladeira a pique. Parece que a Associação dos Salafrários com Dois Apelidos Finórios e Conjunção Coordenativa achou que seria uma ideia genial dar um empurrãozinho amoroso para criar habituação, como disse ao i António Brandão de Vasconcelos (pois com certeza), logo depois de passar à administração do jornal o pastel necessário para pagar as senhas de refeições dos estagiários (pois sim). Atente-se na seguinte bomba de neutrões da falta de vergonha:
"A máxima 'o dinheiro não é tudo' ganha cada vez mais força. E para o presidente da Everis pode sintetizar-se num conjunto de medidas: 'Comunicar de uma forma totalmente transparente, ter tempo para ouvir, reconhecer e agradecer o empenho e o compromisso, celebrar colectivamente os êxitos, dar espaço para as preocupações são alguns pormenores', enumera o responsável. No caso da empresa de consultoria, começa pelo trato. António Brandão de Vasconcelos faz questão de ser tratado só por António em vez de senhor engenheiro, mesmo pelos estagiários. 'Estamos em presença de uma situação win-win', concluiu."
Toni, faço-te uma proposta justa e consequente. Se puder entrar no teu gabinete sem avisar nem bater à porta, sentar-me em cima da secretária, acender um cigarro com o isqueiro que trazes na lapela, e, enquanto me peido sem clemência nas tuas trombas, espetar o cigarro nas tuas partes baixas, obrigando-te de seguida a reproduzir uma cena do filme Deliverance ao mesmo tempo que pego fogo aos teus estores, para logo te fazer cantar o "Barco Negro" com chamas em fundo, podemos negociar uns abracinhos salariais durante, digamos, uma semana, para ver como as coisas correm, pode ser?
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