Mostrar mensagens com a etiqueta Ego. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ego. Mostrar todas as mensagens
13.1.16
8.1.15
Porque é bom o ano novo
Com o ano novo muita coisa
fica velha. Pessoas e histórias. Eu bem sinto o que me fazem os anos
novos. Que isto não me traz vantagem nenhuma. E poupem-me à perspectiva
propagandística de um recomeço. As pílulas que ando a engolir não precisam de ser
douradas, obrigado. Mas como dizem que a antiguidade nos outorga certos
direitos, porque, bom, é isso, não se discute com velhos e loucos – ou velhos
loucos –, vou aproveitar. Ocorreu-me que está na altura de me cagar em certos
assuntos. De mandar à merda sem ter de o dizer ou de o fazer com todas as
letras, porque me enche a boca de satisfação catártica. De efectuar uma
auto-análise a plenos pulmões no meio da Praça da Figueira, porque as luzes lá
são bonitas. (Cada novo ano me atrai mais para as luzes bonitas.) Posso e devo
fazer aquilo que me apetecer, do abraço sentido à acendalha oportuna, sem
esquecer a indiferença, essa soberana. É tempo de colocar o auto-desígnio acima
de tudo, deixando-me embalar pela sua já acentuada miopia. Os anos provocam
erosão nas coisas que nem sabemos que estimamos. Quando finalmente lhes queremos dar uso, compraz-se em dizer-nos que já é tarde. Por isso é desbundar antes
que acabe o que restou. Já entrei naquela fase em que, aos olhos de algumas pessoas, certas reivindicações que me são devidas não passam de sinais de incontinência.
Como disse, estou-me a cagar. A essas, nem os anos me vão levar o direito de desejar
um vigoroso, enfático e cosmopolita: go fuck yourself.
6.2.14
26.12.13
O passado não te leva a lado nenhum
O passado, negoceia-se? Esse lastro inelutável que é o seu legado. O elenco de traumas na nossa pequena alma incapacitada... O perdão, dirão uns. A reconciliação, dirão outros. À merda, digo eu. O passado não faz tréguas nem liberta prisioneiros, é um campo de batalha revisitado e revivido a cada aproximação. Inimigo íntimo tão encarniçado que se faz refém de si mesmo, ardendo eternamente em fogo lento enquanto regurgita promessas de expiação. Não se convence que morreu, o cabrão. Há-de perseguir-te até capitulares. Podes sorrir e fingir que não te pertence, ou que o fintaste, ou que fazes pouco dele com o teu exemplar tour de force. Experimenta endireitar a espinha e logo lhe sentes a carga. Faz-lhe frente. Mostra-lhe que é intolerável. Nega-lhe a entrada e o diálogo. Luta por um futuro onde ele não acontece.
Ilustração: Gary Venn
24.6.13
14.6.13
12.6.13
11.6.13
7.6.13
16.4.13
Afecto unplugged
Assim é o mundo do egoísmo coitadinho e dos egoístas que são ceguinhos. Dos laços lassos, das plataformas da futilidade, das memórias flash, das palavras que não chegam para nada, das vozes que não se ouvem em lado nenhum, do amor que não sobra, da amizade mediatizada, esfarelada, das mazelas perpétuas, dos respigadores de sexo, do suor dos outros, dos idiotas auto-incensados, dos seguidistas anónimos, do like tanto de tudo, da secura de sede, do upload de afecto, das imagens em barda, dos bardos em baixa resolução. Um mundo de ficheiros por arrumar nas vidas uns dos outros.
Ilustração: Jean Julien
27.3.13
I Am Me
God in His infinite wisdom
Did not make me very wise -
So when my actions are stupid
They hardly take God by surprise
Novembro em Abril
The stripped and shapely
Maple grieves
The ghosts of her
Departed leaves.
The ground is hard,
As hard as stone.
The year is old,
The birds are flown.
And yet the world,
In its distress,
Displays a certain
Loveliness —
Maple grieves
The ghosts of her
Departed leaves.
The ground is hard,
As hard as stone.
The year is old,
The birds are flown.
And yet the world,
In its distress,
Displays a certain
Loveliness —
John Updike, "November"
Ilustração de Alberto Ruggieri
22.3.13
19.3.13
Dezanove
It's funny that way, you can get used / To the tears and the pain / What a child will believe / You never loved me
Cover de Sia Furler, letra de Madonna
Ilustração de Jean Julien
Subscrever:
Mensagens (Atom)