21.4.11

A bandeira somos nós

A "Carta aberta ao povo finlandês", do jornalista Hélder Fernandes (TSF), é um texto profundamente humano e de rara inteligência, sobretudo nos tempos que correm, que me fez reavaliar a minha identidade e, por um momento, dela me orgulhar novamente. Ou como a lucidez, ao eivar-se de um cada vez mais urgente idealismo, nos mostra que um povo não pode deixar-se reduzir ao mínimo denominador comum do governalho intrujão.

Acho que faz todo o sentido lembrar isto:

"A criação bordaliana do zé-povinho é um mito que reúne em si as potencialidades positivas e negativas de uma nação que se autodefine romanticamente como generosa e boa, e se vê morrer, realisticamente, de ignorância e indiferença numa História sofrida". (José Augusto França)

11.4.11

Homenagem a Fernando Nobre

Ilustração: "Superman Suicide", de Chris Ware

Hard copy 33

Assim se enche uma ambiguidade iníqua de graçola e melaço. O pior (e mais mal intencionado) tipo de manipulação a que a publicidade pode chegar.

E mandaram-na às urtigas

Nunca disseram à Pintocas, nem vinha escrito n' "As Gémeas no Colégio de Santa Clara", que assinar livros recheados com apetitosas ideias de terceiros é receita para se estragar rapidamente, mesmo em países de tão boa boca como Portugal. Eventualmente, mais cedo ou mais tarde, alguém estranha que tanto e tão diversificado talento brote às arrobas sem aparente rega, por maior que seja a frescura da Tia. Lá que a querida é fértil, não parece haver dúvidas, mas pelos vistos também é muito amiga do quintal alheio. E estava a nossa heroína paneleira entretida a comprar crème fraiche e a encomendar uma nova minivan classe R com estofos em pura seda do Ceilão, para levar biscoitos de citronela de Java à quermesse da Quinta da Marinha, quando foi super-horrivelmente surpreendida pela brutalidade e crueldade - as duas ao mesmo tempo - do seu despedimento. "Não fazia ideia [que havia estes rumores sobre a sua saída da Visão]. Fui apanhada de surpresa e até fiquei assustada", pronunciou a bebé, enquanto chuchava timidamente no polegar, reclinava a cabecinha para a direita e dobrava a perna esquerda à altura do joelho, obrigando a uma desagradável rotação interna do pezinho em ponta. Depois de acertar o decoro e recuperar o índice glicémico com um chupa biológico da Hello Kitty, a amorosa afirmou: "O que faço é experimentar. Crio, adapto e, por vezes, está tudo tão perfeito que nem mudo nada, limito-me a partilhar a receita com várias pessoas. (...) Quando as receitas são perfeitas, não faz sentido modificá-las. Partilho o que gosto."
No mundo encantado da Mafalda Pinto Leite (e de tantas, tantas outras pessoas neste país), plagiar não é imoral, e muito menos criminoso. É, sim, o exercício livre do mais assertivo hedonismo, na sequência do qual se produz esta osmose giríssima: o que é teu é do universo e, portanto, é meu e, portanto, eu assino os cheques por ti. 'Tá? 'Tá!

Obrigado ao P.B. pela notícia.

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