25.6.08

Pensa nisto



Mais informação aqui.

24.6.08

Pensamento do dia



E não sou loira nem americana. É seguramente culpa da globalização.

23.6.08

Sr. Empregado





A Madragoa continua airosa, com o seu mofo muito particular, mas a Varina já viu melhores dias. Valha a companhia e um copo de cidra.

Um dia como outro qualquer



- Heavys ou heavies?
- Heavies.
- Não me soa bem.
- Mas é assim que se escreve. O plural de heavy é heavies.
- Mas assim ninguém vai entender.
- Vais desrespeitar a gramática por uma questão de conveniência?
- Hesito.
- Lembras-te daquela banda, The Brand New Heavies? Ninguém refilou com o nome.
- Não era uma banda de heavy metal.
- Então usa o singular.
- Não obedece ao briefing nem ao que se delineou até agora.
- Arranja uma alternativa.
- O cliente quer metálicos.
- Usa metálicos.
- As pessoas não vão perceber. Soa a adereço.
- Pois. Em todo o caso despacha-te que o prazo não estica.
- Mas toda a gente sabe o que é um heavy, não sabe? É a magia do ípsilon. Se escrever heavies a malta vai pôr-se a comentar: “Olha um erro! Só falta lá porem 'unidos por um sabor bem nice', os totós". E pior do que pensarem que é um erro é ninguém perceber! Mas se usar heavys estou a violar o meu credo! Que fazer, que fazer?...
- Põe heavys.
- ‘Tá bem.

Não é preciso um grande orçamento...

...para fazer bons anúncios. Só boas ideias.









É bom sinal que uma agência da dimensão da AlmapBBDO (uma das mais premiadas do mundo), pense assim. Num país onde se faz muita da melhor publicidade.

19.6.08

Debaixo d'olho








A fúria do açúcar


Soube hoje que o paquiderme da recepção se recusa a ir almoçar se eu for. Estamos a falar de uma gaja de 40 anos que vive com os pais na Margem Sul e exibe um sotaque ridículo, apesar de ter saído de França quando ainda pesava 70 quilos. Já são indicadores ominosos. Uma criatura cujas únicas preocupações aparentes são atulhar
a tripa enturgecida de junk food e alimentar uma ruidosa e inquietante obsessão pelo Benfica. Uma tipa que adora os Anjos. Está tudo dito. Mas não. A verdade é que eu mal conheço o mamarracho. Devo ter-lhe dado alguma confiança quando entrei para a Agência e estava a tentar familiarizar-me com toda a equipa, em dois ou três almoços com meia-dúzia de pessoas. Até elogiei o seu aspecto jovial por ocasião do 40º aniversário, embora ciente de que aquelas carnes repuxadas até aos adenóides iludem as marcas do tempo e do colesterol. Depois, com o passar dos meses, fui-me deparando com uma orca em retenção anal, sempre de trombas, com ares de finória incomodada, amiga de respostas tortas e gestos bruscos. Nunca me mereceu qualquer simpatia, apesar de dizerem que é uma profissional exemplar - talvez na esperança vã de que alguém encontre uma mulher no meio daquelas rotundas. Mas lá fui cumprimentando e tratando o trambolho com um standard de respeito, em nome do bom ambiente e da cortesia elementar. Pois sim. Ao que parece a querida acha que eu sou o anti-cristo, e tal fixação deu origem ao patético acontecimento de hoje: uma das minhas colegas anuncia-me que se eu for almoçar a sujeita recusa-se a acompanhar-nos. Depois de respingar um pouco, de apontar o ridículo da situação e de tentar encontrar alguma lógica no assunto, decidi escolher outra companhia e não encorajar fantasias. É normal que duas pessoas não atinem uma com a outra. Melhor dizendo, é normal que ninguém atine com ninguém, mas desde os meus tempos de adolescente que não me deparava com tamanha infantilidade, agravada por ser no trabalho e oriunda de um elemento com quem existe apenas a mais superficial das relações. É óbvio que este repolho precisa de ajuda, mas não é minha nem da luz divina, é mesmo da ADEXO, para ver se desentope o cérebro.

É do arenque

Eis uma reacção que se justifica mais do lado de quem apanha um canal privado às tantas da manhã. Só é pena que as nossas artistas do casting couch não marquem a sua posição de forma tão visceral. Sempre revelavam algum talento fora das cuequinhas.

18.6.08

17.6.08

Para os mal amados

"Although we discussed numerous times before that materialism doesn’t buy happiness, most of these studies have been looking at adults. This one observed kids. It found raising a kid’s self esteem reduced their longing for the perceived security of possessions. Lan Nguyen Chaplin and Deborah Roedder John, in a work published in the December 2007 issue of the Journal of Consumer Research, found that 'between the ages of eight to 13, a child's level of self-esteem drops, in part because of physical changes. The self-conscious tweens turn to material goods to make themselves feel better. Then, surprisingly, as self-esteem rebounds by the end of high school, roughly between the ages of 16 and 18, the need for consumer goods goes down.' Chaplin and John suggest, 'Our results indicate that simple actions to raise self-esteem among young consumers can have a dramatic impact on expressions of materialism.' In the study this was achieved simply by given the kids paper plates with positives comments on them. In an article reporting on the study it says raising a child's self-esteem can be accomplished by locking in on an interest like drawing, music, sports, fantasy play, debating and then providing positive, supportive messages. But they caution about overdoing the plaudits.'If a child has a stronger sense of self during these down-swings, the researchers believe, they're less likely to see material goods as the key to happiness and popularity.” (Journal of Consumer Research via Sydney Morning Herald)

"Happy Kids Want Less Stuff"
Warren McLaren, Sydney
01/07/08

Nem tudo é como é, às vezes é como deve ser

A Filipa saíu da caixa e voou para outras paragens. Não é noção commumente aceite que as qualidades humanas imperem na escolha para um cargo de chefia. Nem que o mérito profissional seja recompensado com um importante convite fora do local de trabalho. Também não é comum sentirmos saudades dos nossos colegas de trabalho. São três percepções alegremente contrariadas pela partida de uma óptima profissional. Boa sorte, miúda.

Back to the future





Dias 19, 20, 21: fim de emissão


Foi necessário algum tempo para avaliar com justiça o que me trouxeram os três meses de formação nas Produções Fictícias. A ideia geral é de excessiva descontracção e de muito pouco rigor na articulação dos módulos, na comunicação entre professores e na avaliação global do trabalho dos alunos. São uns porreiros que por ali passam, uns mais porreiros do que outros, se não calha bem a um vem o outro, adiam-se umas aulas, aparece um terceiro para tapar buracos, um tresloucado para dar colorido ao ramalhete, as temáticas sucedem-se em overlapping e não parece existir mais nada para além de um bem-intencionado fait-divers. Sim, é interessante ouvir o que este pessoal tem para dizer, ganhando a perspectiva do insider, com direito a histórias de bastidores, simpatias e antipatias, estratégias de marketing (lição primordial: saber vender) e armadilhas clássicas. Esta interacção com a malta que escreve e representa dá-nos ou retira-nos motivação para fazer certas coisas, torna as nossas limitações muito nítidas e permite-nos gravitar em direcção a uma suposta identidade “humorística”. Fiquei bem ciente daquilo que dificilmente conseguiria fazer, mais do que aquilo que consigo, mas não adquiri ferramentas técnicas ou linguísticas que não possuísse ou que pudessem mudar radicalmente a minha perspectiva das coisas. Neste mundo de egos e referências, também eu já tenho uma quota de noções inflexíveis e não houve nada que as demovesse. O único módulo realmente motivador, em termos de conteúdo e de orientação, foi o de New Media. Aqui houve espaço para reflectir sobre a necessidade de modernizar o humor, recriando linguagens em função dos mais diversos suportes tecnológicos e da estrutura social em que estamos mergulhados. Foram feitos alguns testes felizes, excelentes exemplos de concisão e de articulação de elementos criativos, sem perder a espontaneidade e a piada. A formadora, Maria João Cruz, era uma comunicadora tarimbada e a matéria tinha um cunho de cientificidade que faltou à generalidade dos outros módulos. Não discuto que “o humor não se ensina”, como tantos repetiram. Não discuto porque acredito que existem personalidades mais dadas à observação e à sátira, mais ágeis com as palavras, cuja predisposição foi potenciada por um determinado percurso. Mas a afirmação (complementar) de que “não se ensina a escrever humor” soa-me a desculpa de quem tem mais que fazer ou não sabe realmente o que ensinar. Se assim é, porque é que existem autênticas fábricas de argumentistas em países como os Estados Unidos? Para além de terem mais uns largos milhões com potencial, também têm como orientar e aproveitar esses talentos, numa míriade de situações e suportes possíveis. Esse trabalho tem quase sempre uma forte componente prática, que passa pelo estágio, pela colaboração e pela experiência in situ dos constrangimentos do guionismo. Mas é óbvio que o ser-se capaz ou não de corresponder às necessidades e de aguentar o ritmo passa por uma metodologia árdua que compõe investigação, assimilação de regras, fórmulas e preceitos, muito treino, interacção e repartição do trabalho. Só assim se conseguem os momentos inspirados que raramente sucedem na ficção portuguesa e outros derivados da escrita humorística. É óbvio que a culpa não é das Produções Fictícias, que muito têm feito pelo humor e pelos guionistas em Portugal, mas esta formação em particular só pode ser aconselhada a quem tem dinheiro e muitas horas para gastar. Fica um respeito ganho ou renovado por alguns destes artesãos da escrita e a relação com os seis valentes que terminaram o curso. Daqui nasceram uma macacadas que, à falta de projecção, nos divertem e ensinam bastante.

2.6.08

A quem possa interessar

Há já muito tempo que li este texto do VPV no Público e o guardei. Tenho sentimentos conflituosos em relação à figura. Acho-o quase sempre execrável, mas tenho sempre de admitir que escreve bem. E no meio do azedume e do torpor etilizado surge por vezes uma lucidez cortante. Depois de ler este texto senti que não valeria a pena fazer qualquer outra apreciação de Portugal. Nas barbas de mais um arraial futeboleiro, quando a esculhambada sai do pântano para o recreio, eis um retrato que não requer acrescentos.

Movidos a energia positiva


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