7.9.12

Louvai o senhor


Não sei para que lhe serve o dinheiro, mas contribui de certeza para o ar de nababo presuntuoso refastelado no trono, a esboçar um boneco descontraído e branqueado, semi-sorriso complacente e manápula executora fingindo indolência. A alva cabeleira em cenário bucólico quase lhe dá uma bonomia quintaleira. Para que servirá o dinheiro a este avô matreiro? Talvez para ir muito além das cantigas, do folclore histérico, dos chavões encerados e do populismo mais infesto... Não estamos nós cansados de saber o que está realmente por trás do realejo e das farturas destes empresários? Poder. Autoritarismo. Domínio. Mais dinheiro e cada vez menos escrúpulos. E quem impingiu pão e circo com tão diabólico engenho que, hoje, basta dar uma ordem e, mesmo enchouriçados, os portugueses acorrem ao templo para lhe dar o dízimo? Porque este já fez de Portugal, não o seu quintal, que é de somenos, mas a sua ostra. Bem chupadinha e acompanhada por um Redoma Reserva fresquinho. Consta que já é coisa para ser paga com cartão.

A imagem foi rapinada daqui.

2 comentários:

Ernesto Funesto disse...

Já sei o que falta nesta imagem: o lápis atrás da orelha, para completar o retrato do merceeiro untuoso e espertalhaço. Tal como na anedota da foda "à carpinteiro".

João disse...

Caro Funesto, acho qua a versão contemporânea é uma caneta Montblanc banhada a ouro. Hum, a anedota não conheço...

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