"Life is like a box of
chocolates. You never know what you're gonna get", dizia o tonto da aldeia naquele popular filme que
glorificava a pacovice (um pouco como Regresso
a Casa, documentário português que vimos ontem, mas isso são outros quinhentos). E se temos que dar o
desconto ao atraso do gajo pelo facto de os rótulos poderem antecipar
inúmeras surpresas, o que dizer quando nos colocam à frente chocolates
destes? São ucranianos e pretensamente exóticos. Pelo menos é o
que depreendo das cores garridas, do arco bizantino e daquele shemale com mãos de
estivador que acabou de dar à costa em Lilliput. Mas quando um indivíduo se propõe afincar o dente em tamanho delírio, vira o produto e o rótulo transmite-lhe que a sua audácia deve dar em merda. À imagem de toda e qualquer iniciativa que agora se possa ter. Um mero chocolate ucraniano transporta, portanto, mais filosofia do que uma caixa de pralinés cosmopolitas.
Para que conste, adiei a experiência por tempo indefinido. Tanto quanto se pode adiar a vida. De qualquer modo, desconheço a data de validade.