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No tempo em que copywriting era uma noção incipiente na cabeça de indivíduos nefários, hoje commumente designados por marketers, houve homens que foram longe: o artista que concebeu e redigiu este anúncio transbordante de tensão sexual, prenho de simbolismo, e o departamento de arte e produção que acompanhou a sua visão. Desde a selecção destes esplêndidos espécimes, ao fotógrafo que capturou o abandono lânguido da estrela de variedades nos braços de Tarzan Taborda, passando pela equipa que assinou os detalhes de incontida sensualidade. Repare-se na instalação em torno do pescoço da menina, na camisola de lã que abraça com firmeza o cachaço do herói, amenizando a dureza do tronco varonil e da coxa retesada na calça de gola alta. A visualização final pauta-se também por um expressionismo inusitado para a época, na escolha das fontes, na disposição do lettering e no repertório estilizado de sinais enfáticos. No tempo em que a publicidade em Portugal era um veículo desportivo em fase de experimentação, alguém carregou no pedal e passou-se dos carretos.
5 comentários:
Loucos anos 70 ou malditos anos 80?
Diria que foram os malditos loucos setentas.
"Isto é uma pouca vergonha! No tempo do Salazar não se via nada disto!"
Não, só debaixo das saias do Cardeal Cerejeira. Malucas.
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