22.10.07
Viagem de distância curta
Alex Gibney para Diana Andringa: “Olhe que não, olhe que não!”
Sérgio Trefaut, co-organizador do doclisboa 2007, e Alex Gibney, preparam-se temerosamente para o Q&A.
Não é só o layout de Taxi To The Dark Side que faz lembrar uma produção de Hollywood.
Valeu a deslocação, sem dúvida, mas o documentário de Alex Gibney é, talvez, demasiado profissional, demasiado técnico e demasiado, bom, 'americano', para se constituir como uma denúncia apaixonada. E o problema começa logo aí: que denúncia é essa? A política externa dos EUA sob a égide Cheney/Bush? A rejeição da Convenção de Genebra? O sinistro MO da CIA? Os métodos de tortura aplicados? As eminências pardas no seio do exército norte-americano? A morte injustificada do taxista afegão Dilawan? Se é o ponto de partida e o enquadramento para um retrato do que faz girar esta esquizofrénica máquina imperialista, falta-lhe dimensão humana, real. Mas ao pretender, e correctamente, fugir ao sensacionalismo, foge também ao verdadeira quadro trágico do que descreve, limitando-se a "apresentar-nos as coisas como elas são", com inegável rigor técnico. Porém, a brevíssima incursão pela história de Dilawan não basta para expor o carácter espúrio de uma guerra, desta guerra. As entrevistas telegráficas aos bodes expiatórios do governo não desvendam a loucura de ambas as partes. Também não se vislumbram as fibras da mentira e do medo que se confundem com a própria pele de uma sociedade. Por entre a revisão do maquiavelismo demente das posições oficiais e a exposição gráfica do monstruoso descontrolo dos soldados no terreno, paira a sombra do que fica por abordar: a inexplicabilidade da crueldade humana, um tópico que deveria ser interrogado de alma aberta e não geopoliticamente restrito. Por isso tudo, Taxi To The Dark Side é unicamente um filme bem intencionado.
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