25.10.07

A Exposição Retrospectiva


"Já sabes que a minha alma, por mais lacerada que tenha sido, não ficou aí para um canto como uma flor lívida e solitária. Não lhe dei essa cor ou descor. Vivi o melhor que pude sem me faltarem amigas que me consolassem da primeira. Caprichos de pouca dura, é verdade. Elas é que me deixavam como pessoas que assistem a uma exposição retrospectiva, e, ou se fartam de vê-la, ou a luz da sala esmorece. Uma só dessas visitas tinha carro à porta e cocheiro de libré. As outras iam modestamente, calcante pede, e, se chovia, eu é que ia buscar um carro de praça, e as metia dentro, com grandes despedidas, e maiores recomendações.

— Levas o catálogo?
— Levo; até amanhã.
— Até amanhã.

Não voltavam mais. Eu ficava à porta, esperando, ia até a esquina, espiava, consultava o relógio, e não via nada nem ninguém. Então, se aparecia outra visita, dava-lhe o braço, entrávamos, mostrava-
-lhe as paisagens, os quadros históricos ou de gênero, uma aquarela, um pastel, uma gouache, e também esta cansava, e ia embora com o catálogo na mão..."

Dom Casmurro, CAPÍTULO CXLVII (1900), Machado de Assis

Do piorio


A música popular é pródiga em cuspir cançonetas que, de tempos a tempos, e desafiando qualquer lei racional, se transformam em monumentais êxitos. Tão monumentais que não nos conseguimos livrar da sua memória, por mais tempo que passe, como uma má recordação que insiste em nos bater à porta. O bombardeamento de que fomos alvos por parte destes bacamartes, através das ondas hertzianas e dos canais de TV, fruto das políticas de programação, das manigâncias das editoras e de insanidade sasonal generalizada, assegura a todas estas peças um lugar no panteão internacional do pechisbeque. É normal que haja na listagem uma preponderância das épocas de 80 e 90, tendo em conta a minha vivência, mas penso que falarei por quase toda a gente quando coloco estas 50 canções entre as mais enervantes jamais paridas. De qualquer forma, e a bem da democracia do gosto, existe escolha múltipla. Se quiserem, acrescentem.


Categoria: Não Havia Necessidade

“If You Tolerate This Your Children Will Be Next”, Manic Street Preachers
“Creep”, Radiohead
“It’s a Sin”, Pet Shop Boys
“The Drugs Don’t Work”, The Verve
"Killing Me Softly”, Roberta Flack
"Rat In My Kitchen”, UB40
“Um Dia de Domingo”, Gal Costa
“Imagine”, John Lennon
“What a Wonderful World”, Louis Armstrong
“Scandalous”, Prince feat. Kim Basinger

Categoria: Enterrem-nos Vivos

“You’re Beautiful”, James Blunt
“Candle In The Wind”, Elton John
“I Will Survive”, Gloria Gaynor
“The Power of Love”, Jennifer Rush
“My Heart Will Go On”, Celine Dion
“I Will Always Love You”, Whitney Houston
“Unbreak My Heart”, Toni Braxton
“Still Loving You”, Scorpions
“Livin' On A Prayer”, Bon Jovi
“Everything I do (I do it for You)”, Bryan Adams

Categoria: What the fuck?!...

“The Final Countdown”, Europe
“Barbie Girl”, Aqua
“Who Let The Dogs Out?”, Baha Men
“Don't Want No Short Dick Man”, CJ Gee
“Boys (Summertime Love)”, Sabrina
“Believe”, Cher
“Macarena”, Los Del Rio
“Girl, You Know It's True”, Milli Vanilli
“Saturday Night “, Whigfield
“Ghostbusters”, Ray Parker Jr.

Categoria: Tony Carreira Internacional

“The Lady In Red”, Chris de Burgh
“Feelings”, Morris Albert
“Hello”, Lionel Richie
“Heartbeat”, Don Johnson
Nothing’s Gonna Change My Love For You”, Glenn Medeiros
“When a Man Loves a Woman”, Percy Sledge
“How Am I Supposed To Live Without You”, Michael Bolton
“Do Ya Think I'm Sexy?”, Rod Stewart
“In The Air Tonight”, Phil Collins
“Right Here Waiting”, Richard Marx

Categoria: Não Há Royalties Que Lhes Valha

“I Should Have Known Better”, Jim Diamond
“My Favorite Waste of Time”, Owen Paul
“When Will I Be Famous”, Bros
“So Macho”, Sinitta
“Eye of the Tiger”, Survivor
“Ice, Ice, Baby”, Vanilla Ice
“Can’t Touch This”, MC Hammer
“Please Don’t Go”, KWS
“The Only Way Is up”, Yazz
“What’s Up”, 4 Non Blondes

Melhor anúncio da semana (outdoor)



DDB, Paris, para Henkel Superglue

Um grande bem haja e até uma próxima



Thu, 25 Oct 2007 02:27:41 -0700 (PDT)

From: Joao Madeira
Subject: Re: V/ reclamação contra a Redcoon - Proc. n.º 4874/07/PT
To: Euroconsumo

Bom dia.

Foram mal informados. A minha dispendiosa máquina fotográfica digital desapareceu misteriosamente nos correios de Barcelona. Depois de muitas, mas muitas diligências através de departamentos, papeladas e informações contraditórias, os CTT admitiram perder-lhe o rasto, não obstante o registo efectuado. Fui generosamente ressarcido do valor dos portes, após infindos contactos. Os CTT isentaram-se de demais responsabilidades porque eu não havia efectuado o seguro da encomenda. Pois claro. Diz bastante do serviço. A afamada empresa online Redcoon, cujo comportamento já nem vale a pena classificar, nunca me contactou nem chegámos a nenhum "acordo", pelo simples facto de a comunicação com ditos indivíduos se ter revelado uma tarefa hercúlea. Ao contrário das do herói mitológico, absolutamente intransponível. Também não parece ter feito qualquer diferença ter-vos enviado comprovativos do registo de envio, do tracking incompleto dos CTT, da desresponsabilização do site e da morada caducada que aí figurava, induzindo-me em erro, levando à não reclamação da máquina e ao "extravio", quem sabe, para casa de um diligente funcionário dos correios espanhóis. Depois das dezenas de horas perdidas, da paciência consumida e do sentimento de impotência, respondo-lhe só para dizer que aprecio muito a vossa burocrática preocupação. Podem, pois, em boa consciência, encerrar o caso, com o sentimento do dever cumprido.

Com os melhores cumprimentos,

João Madeira

Faster than a speeding bullet...


From: Euroconsumo

Subject: V/ reclamação contra a Redcoon - Proc. n.º 4874/07/PT

Euroconsumo@dg.consumidor.pt wrote:

Exmo. Senhor,

Relativamente ao V/ processo, fomos informados pelo
CEC de Espanha que V. Exa. terá chegado a um acordo
com a empresa relativamente ao conflito, apesar de
alguma dificuldade de comunicação.

Assim, e porque se encontram ultrapassados todos os
nossos prazos para intervenção, informamos V. Exa.
de que iremos arquivar o processo.

Atentamente,

Cecilie Bjørnstad Cardona


Centro Europeu do Consumidor
European Consumer Centre-Portugal

DIRECÇÃO-GERAL DO CONSUMIDOR
Pç. Duque de Saldanha, 31 -1.º
1069-013 Lisboa - Portugal
Telf.: +351 213 564 750/52
Fax: +351 213 564 712

euroconsumo@dg.consumidor.pt
http://cec.consumidor.pt

24.10.07

Batem leve, levemente, à janela de Polly Jean


Hoje estive a ouvir o novo disco de PJ Harvey, White Chalk, e apesar de o achar bonito, a monotonia conscientemente induzida não está fácil, não está fácil. Dir-se-
-ia que Harvey anda a abusar da medicação. Pontos altos (ou baixos, conforme se situem semanticamente): "Silence" e "When Under Ether". Uma peça complexa que Joshua Klein, crítico do site Pitchfork, traduz desta forma justa: "On the wrong day, at the wrong time, in the wrong frame of mind, White Chalk may be the longest half-hour in the world."

23.10.07

Red Bull dá-te asas e mais alguns extras


Não constitui propriamente uma novidade, mas a privação de sono é uma das grandes responsáveis pela irritação e instabilidade. Porém, não existiam até à data estudos muito aprofundados sobre o impacto mais alargado que tem sobre as emoções. Sabe-se que prejudica o sistema imunitário e desacelera o processo cognitivo (aprendizagem, memória…). E graças a investigações recentes, conduzidas pelo neurocientista Matthew Walker, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, sabe-se que os centros emocionais do cérebro reagem de forma exacerbada aos testes de privação, revelando um aumento de 60% na reactividade a estímulos negativos, criando um estado latente de curto-circuito (esta última observação científica é exclusivamente da minha responsabilidade). O facto de os estudos serem precursores prende-se com o conhecimento ainda incipiente do lóbulo pré-frontal, uma área do cérebro que mantém as emoções sob escrutínio, operando no seu controlo, e que é ainda relativamente recente na evolução humana. Walker considera que esta se pode mostrar impreparada para lidar com certos extremos biológicos, até porque a espécie humana é das poucas na natureza que se priva voluntariamente de sono, o que constitui uma bizarria. Para conhecer mais detalhes sobre a pesquisa e os seus resultados podem aceder à história original, aqui.

22.10.07

E agora, se me dão licença

vou dar um pulo ao ginásio e espalhar alegria pelo mundo.

Outras escatologias

Lembrei-me de partilhar que estou com prisão de ventre há uns dias, coisa que não acontecia há já algum tempo. Um dos poucos escapes para este mal simultaneamente prosaico e opressor (haverá melhor palavra?) é a vingança sobre a horda de anónimos mal encarados que nos cerca nas ruas e, pior, na clausura do banco, dos CTT, do Pingo Doce ao fim-de-semana, dos serviços públicos do mais variado calibre de incompetência e inutilidade e, sim, no bem-amado centro de saúde. Pena é não ter tido o ensejo de me peidar estrepitosamente na tromba gordurosa da Mena que me atendeu hoje, com a costumeira lanzeira, afamado agastamento e proverbial ineficácia. Em todo o caso, reparei que a peida gadocha mal descolava da cadeira e que um relógio mínimo se enterrava no pulso balofo e pensei, "''tás aqui 'tás ali, minha porca." Não me levem a mal, mas acordei para a semana no Largo do Intendente Pina Manique, onde fica situado o meu CC, com uma senhora que me gritou aos ouvidos na sua voz saliente de varina reformada: "Ai c***, c***, que já não ganhas p'rá doooooona". Perante tal evidência, não me resta mais do que peidorrar-me catarticamente e esperar que o mal passe.

We'll work it out together


Viagem de distância curta



Alex Gibney para Diana Andringa: “Olhe que não, olhe que não!”



Sérgio Trefaut, co-organizador do doclisboa 2007, e Alex Gibney, preparam-se temerosamente para o Q&A.



Não é só o layout de Taxi To The Dark Side que faz lembrar uma produção de Hollywood.

Valeu a deslocação, sem dúvida, mas o documentário de Alex Gibney é, talvez, demasiado profissional, demasiado técnico e demasiado, bom, 'americano', para se constituir como uma denúncia apaixonada. E o problema começa logo aí: que denúncia é essa? A política externa dos EUA sob a égide Cheney/Bush? A rejeição da Convenção de Genebra? O sinistro MO da CIA? Os métodos de tortura aplicados? As eminências pardas no seio do exército norte-americano? A morte injustificada do taxista afegão Dilawan? Se é o ponto de partida e o enquadramento para um retrato do que faz girar esta esquizofrénica máquina imperialista, falta-lhe dimensão humana, real. Mas ao pretender, e correctamente, fugir ao sensacionalismo, foge também ao verdadeira quadro trágico do que descreve, limitando-se a "apresentar-nos as coisas como elas são", com inegável rigor técnico. Porém, a brevíssima incursão pela história de Dilawan não basta para expor o carácter espúrio de uma guerra, desta guerra. As entrevistas telegráficas aos bodes expiatórios do governo não desvendam a loucura de ambas as partes. Também não se vislumbram as fibras da mentira e do medo que se confundem com a própria pele de uma sociedade. Por entre a revisão do maquiavelismo demente das posições oficiais e a exposição gráfica do monstruoso descontrolo dos soldados no terreno, paira a sombra do que fica por abordar: a inexplicabilidade da crueldade humana, um tópico que deveria ser interrogado de alma aberta e não geopoliticamente restrito. Por isso tudo, Taxi To The Dark Side é unicamente um filme bem intencionado.

A actriz guerreira

Quase todas as pessoas com quem falei que viram The Brave One, de Neil Jordan, referiram-se a ele como “o filme da Jodie Foster". Já tinha reparado nisso com uma atenção mais clínica e fui comprovar aquilo que sempre achei “no filme da Jodie Foster”. Lá estavam aquele misto de fragilidade e de determinação feroz, o olhar magoado, os lábios tensos e a voz profunda, o rosto de mulher madura com contornos intemporais de miúda reguila, a combinação estranhamente carnal de feminilidade e de fisicalidade seca. Não é de estranhar que Foster escolha eminentemente dramas e histórias complexas. Ela própria o disse: "Normal is not something to aspire to, it's something to get away from". As suas incursões na comédia não foram mal sucedidas (Maverick, em 1994; The Dangerous Lives of Altar Boys, em 2002) mas terão sido sobretudo motivadas por curiosidade lúdica e pelo prazer de exercitar outros músculos. Tem-se a impressão de que os filmes são pequenos demais para tamanha intensidade. Uma intensidade que perturba, quase fere, porque a exposição emocional da actriz é tremenda e a busca da superação constante. Ela domina-
-nos com autoridade pois o trabalho nunca está feito e não é feito sozinho. A actriz dá-nos pistas e nuances preciosas para que possamos construir a personagem e, ao mesmo tempo, entrever a personalidade que a constrói. Aí é generosa. Fora da tela, é rara, é um enigma, e faz todo o sentido que assim seja.

Poucos são os actores, hoje em dia, que valorizam tanto uma história: na compreensão polivalente dos diálogos, no entendimento do tom que a cena requer, na construção exemplar do pathos, na interacção com as demais personagens… Melhor do que ninguém, o realizador de The Brave One, Neil Jordan, e o co-protagonista, Terrence Howard, avaliam o impacto de Foster:

"She's got this remarkable thing where she quite effortlessly holds your imagination. She puts herself in that place and without question, as a member of the audience, I am there with her. And I don't know how she does it." (Neil Jordan)

"She’s Marlene Dietrich, Glenn Close, she’s Marlon Brando, all of them combined. Fifty years from now, the people who can say they worked with Jodie Foster and have that on their resume, I can see my grandkids looking at it and saying, ‘You worked with Jodie Foster?’ and them being amazed, like I marched with Martin. That’s what it was like for me.” (Terrence Howard)

É óbvio que há algo no magnetismo de um actor que não é traduzível e esse é um dos grandes mistérios e prazeres do cinema. O talento e a força de uma presença não escamoteiam, porém, as fraquezas essenciais de um filme. No caso de The Brave One, as ressonâncias que o desempenho de Foster desencadeia no seu (vasto) público extravasam os limites que a história lhe impõe. A esse nível teriam lugar outras apreciações, que já poriam a fita de Neil Jordan ao nível de uma banal história de vingança com duvidosa legitimidade sociológica e moral. No que me toca, o máximo que conseguiu foi dar umas amolgadelas na percepção da impotência perante os actos crescentes de agressão gratuita nos espaços urbanos, e nas consequências profundas que estes podem desencadear. Mas o esforço de tradução está todo nos ombros de Jodie Foster, porque o argumento peca por simplismo e alguma espectacularidade despropositada. De qualquer modo, a ver, nem que seja apenas pelo desempenho da sua actriz protagonista. Este, como outros, é “um filme da Jodie Foster”.

19.10.07

18.10.07

Documentos classificados



Hoje começa o DocLisboa e vou ver Taxi To The Dark Side. Gosto de documentários e infelizmente é muito raro ter oportunidade de os ver em sala. Há dias, a International Documentary Association (IDA) divulgou a lista dos 25 melhores filmes documentais, segundo votação dos seus 3.000 membros. Fiquei contente por Hoop Dreams, um dos meus filmes de eleição, ter sido o primeiro dos seleccionados, mas também desapontado por se terem esquecido de The Panama Deception e de Murderball, dois dos mais poderosos testemunhos a que assisti. Fico também feliz por constatar que vi um número considerável dos filmes na lista, seleccionados de entre 700.

Hoop Dreams, nomeado para um Oscar em 1994, é a história de dois estudantes de Chicago que tentam escapar à vida de pobreza que os espera em bairros sociais, através da auto-superação nos campos do Basket universitário, dispostos a todos os sacrifícios para despertar a atenção da liga profissional. Um drama humano como raramente vi, entretecido de glória, fracassos, tragédia e alegria, sobre um fundo social que até então raramente era abordado, pelo menos com tanta profundidade e realismo, sem complacência nem manipulação. Lembro-me perfeitamente de o ter visto na Malaposta com o meu irmão Pedro e de termos saído exaustos e sem palavras, depois de 3 horas de tanta intensidade.

Nas palavras de Sandra Ruch, Directora Executiva do IDA*: "People have always responded strongly to Hoop Dreams, maybe as it's such an American story, about a beloved indigenous sport and issues we have always grappled with in this country - race and class. It brought us a real story of the indomitable human spirit, rather than the cliches of the Rocky's and Chariots of Fire of the era."

Aqui ficam os 25 eleitos da IDA:

1. Hoop Dreams, directed by Steve James, Peter Gilbert and Frederick Marx
2. The Thin Blue Line, directed by Errol Morris
3. Bowling for Columbine, directed by Michael Moore
4. Spellbound, directed by Jeffery Blitz
5. Harlan County USA, directed by Barbara Kopple
6. An Inconvenient Truth, directed by Davis Guggenheim
7. Crumb, directed by Terry Zwigoff
8. Gimme Shelter, directed by Albert and David Maysles and Charlotte Zwerin
9. The Fog of War, directed by Errol Morris
10. Roger and Me, directed by Michael Moore
11. Super Size Me, directed by Morgan Spurlock
12. Don't Look Back, directed by DA Pennebaker
13. Salesman, directed by Albert and David Maysles
14. Koyaanisqatsi: Life Out of Balance, directed by Godfrey Reggio
15. Sherman's March, directed by Ross McElwee
16. Grey Gardens, directed by Albert and David Maysles, Ellen Hovde and Muffie Meyer
17. Capturing the Friedmans, directed by Andrew Jarecki
18. Born into Brothels, directed by Ross Kauffman and Zana Briski
19. Titticut Follies, directed by Frederick Wiseman
20. Buena Vista Social Club, directed by Wim Wenders
21. Fahrenheit 9/11, directed by Michael Moore
22. Winged Migration, directed by Jacques Perrin
23. Grizzly Man, directed by Werner Herzog
24. Night and Fog, directed by Alain Resnais
25. Woodstock, directed by Michael Wadleigh


*All indieWIRE Movie News, Thursday October 4 2007

Ponto baixo



Acho que esgotei todas as formulações possíveis para: "última oportunidade!".

Foto: Mike Scott

17.10.07

Banksy ataca outra vez


Em Bristol.

Fonte de inspiração



Põe a chapeleta das ideias e vai fazer arte, vai.

"Take it off now girl, take it off
(I'm a master, baby wit'cha bra)
Take it off now girl, take it off
(I can help you slide those panties off)
Take it off now girl, take it off
(Damn, that bootie's so soft)
Take it off now girl, take it off
(It feels so good in my palms)
Dim the lights down baby, dim the lights
We gon' double your heart great form lady, just dim the lights
(...I'm a beat the pussy like you never ever felt before)
Dim the lights down baby, just dim the lights
We gon' double your heart great form lady, just dim the lights
(...I'm a beat the pussy like you never ever felt before)"

Amen

“I’m not who people think I am. I’m really an idiot, funny, a clown.”

“Music is no different than drugs, the good drugs. It’s designed to stimulate your neurons."

“When I’m writing I can see the music, I see colors.”

Declarações de Pharrell no L.A. Film Festival, 2007

Irrespirável

Tue, 16 Oct 2007 16:42:49
From: musicaxhoray@oxigenio.fm
To: andrademadeira@yahoo.com
Subject: Re: Musica X, Hora Y

Quoting andrademadeira@yahoo.com:

Hora:11:42
Mensagem: [Socorro!]

This message was sent by: from 81.193.127.70
se recebeu este mail por engano contacte www.radioxigenio.fm

«Phoenix City», Yamaha vs Electrico

Continue a Respirar Connosco
............................
Oxigenio102.6
www.oxigenio.fm
210105774


Já agora, posso acrescentar a pior música que os Cool Hipnoise já fizeram, onde a Marga Munguambe repete obsidiantemente "hoje não vou trabalhar"? Dia após dia, após dia, após dia, após dia... Enquanto nós trabalhamos. E aquela relíquia dos Entres Aspas (Entre Aspas!?) com uma "remistura" de fazer vítimas... E também a dos LCD Soundsystem que já tem uns verões em cima, e, e... O ar 'tá um bocado saturado, malta, não podemos respirar todos ao mesmo tempo.

12.10.07

Pior campanha da semana (print)







1861 United, Itália (não?!...) para canal AXN

Melhor anúncio da semana (print)


DDB, Paris

Rádio oxigenada


Não sei o que se passa com a playlist da Rádio Oxigénio, mas parece que alguém a trancou no disco e deitou fora o código. Será que o conceito “actualização” não faz parte do imaginário de Mr. Montez? Caraças pá, a ideia de ter uma alternativa à bimbalhice que abafa o éter português é toda muito boa até ao momento em que somos bombardeados com as mesmas músicas vezes sem conta ao longo do dia, por aqueles que apregoam a diferença. Músicas que, muitas vezes, parecem escolhidas sem critério. Será que ninguém percebe que as vozinhas escanifradas no tema dos Justice despertam pensamentos infanticidas desde a 3ª audição? E de quem foi a ideia de colocar em rotação implacável aquela coisa nauseabunda que dá pelo nome de Escort? Ó senhores, ó menina, piedade! Não bastava terem no ar um spot ao restaurante La Moneda que parece ter sido gravado na casa de banho com um microfone Crown, em que o locutor diz, a rematar, “nós não queimamos o jantar” (será um slogan, uma tagline, uma ideia, até?). Ainda há espaço para zurzir a paciência já consumida do ouvinte com M.I.A. e um ataque de azia indiana. O álbum tem muitas músicas. E algumas são boas! Para agravar a situação, sou forçado a ouvir a emissão proveniente de duas zonas distintas da sala onde trabalho, pelo que o delay faz parte da minha vida. Tudo bem com a voz maviosa da Rita Moreira, mas ó sofrimento duplicado quando as criancinhas já guicham de um lado e se preparam para atacar do outro. Não há dinheiro para discos novos? Pois pirateiem, como qualquer pessoa normal. O tempo em que as editoras untavam as mãos dos patrões e arrotavam postas de gosto já lá vai, amigos. Mexam-se e dinamizem a coisa porque neste momento é mais "música para respirar" tubos de escape do que outra coisa. Tenho dito.

10.10.07

Escolha


Ama-me porque podes, não porque deverias.

Ilustração: Eric Drooker

Música para Mufcakes



Andava eu sempre a esgalhar
Agarrado à má vida
Com a estrada meio perdida
Para me encontrar.

E nós dois a ladrar
E nós dois a ganir

Andava eu todo certinho
Tão armado em senhor
Que para me darem valor
Fazia da vida um ninho.

E nós dois a latir
E nós dois a ladrar

Andava eu enrascado
Cabisbaixo, quebradiço
A dar cabo do toutiço
E a sentir-me um invertebrado.

E nós dois a ganir
E nós dois a ladrar

Andávamos nós de carruagem
Puxada por cavalos felizes
Com os diferentes matizes
Que tinha a nossa camaradagem.

E nós dois e agora
E nós dois e agora pois

Mas ainda ouço o teu latido
E tu ouves o meu ladrar
Ganimos um para outro
E andamos par a par.

Tu queres é lã!



No tempo em que copywriting era uma noção incipiente na cabeça de indivíduos nefários, hoje commumente designados por marketers, houve homens que foram longe: o artista que concebeu e redigiu este anúncio transbordante de tensão sexual, prenho de simbolismo, e o departamento de arte e produção que acompanhou a sua visão. Desde a selecção destes esplêndidos espécimes, ao fotógrafo que capturou o abandono lânguido da estrela de variedades nos braços de Tarzan Taborda, passando pela equipa que assinou os detalhes de incontida sensualidade. Repare-se na instalação em torno do pescoço da menina, na camisola de lã que abraça com firmeza o cachaço do herói, amenizando a dureza do tronco varonil e da coxa retesada na calça de gola alta. A visualização final pauta-se também por um expressionismo inusitado para a época, na escolha das fontes, na disposição do lettering e no repertório estilizado de sinais enfáticos. No tempo em que a publicidade em Portugal era um veículo desportivo em fase de experimentação, alguém carregou no pedal e passou-se dos carretos.

Anestesia geral


Eu costumava acreditar. Agora limito-me a adormecer sobre a irrelevância rugosa de certas coisas.

9.10.07

Hot hot baby



6 músicas para ajudar a curar a gripe (de casa para o trabalho e vice-versa):

"Come Around", M.I.A.
"The Dance", Charlotte Martin
"Hero Dead and Gone", De-Phazz
"She Moves In Her Own Way", The Kooks
"Whisper", Solvo feat. Kirsty Hawkshaw
"Tango", Ryuchi Sakamoto feat. Soraya

Não estão a bombar no iPod, mas bombam com a mesma convicção aqui.

3.10.07

Um dia como outro qualquer

… não requintado não é sempre requintado refinado sofisticado moderno contemporâneo deslumbrante é overpromising não podemos ver mais opções podem raios nunca querem dizer nada precisamos da frase para agora não afinal decidiram-se pelo outro headline qual aquele que eu achei provinciano bem vês mas não faria mais sentido não o cliente é que sabe eu sei mas da última vez gostaram da proposta mais criativa podes rever estas provas posso mas tem de ser agora vai para a gráfica mas eu nem briefing tive e os textos do site sim estão entregues verás como tudo muda queremos algo assim não queremos algo assim não afinal queremos é algo assim e na verdade sempre quisemos mas eu tentei dizer que o prazo está cumprido mas não é tudo e com esta proposta só com outsourcing afinal que competências têm vocês ora bolas façam o benchmarking como deve ser ok certo e acham que é de focar touch points e elaborar nos targets olha não querem com um design moderno querem um exclusivo merda único absoluto superior altamente está fora de questão escolhe grande mas pensava que era sofisticado sim é por isso quem é o designer não sei não está na agenda mas não era para vinte e nove sim mas adiaram podes mudar tudo o nome vai ser diferente apresenta-lhe traz-lhe dá-lhe oferece-lhe desfrute usufrua goze não goze é sexual a chapa está gasta precisamos do body copy a estas horas adiantaram-se balões o que é que podemos fazer com balões reunião criativa balões balõezinhos bolas bolas de futebol bolas de Berlim chávenas chá bolo mármore mas em inglês não se percebe onde estávamos nós e quando voltamos ao site quando houver agenda mas apresenta a estrutura uma nova uma diferente onde está o briefing querem relvado ou espaço verde damos ênfase ao preço ao nome ao material dá ênfase a tudo querem usar expertise sim mas tira o requintado …

(Yeah, I was cute, alright)


O melhor anúncio da semana...


... é holandês.

O pior anúncio da semana...


... é italiano (surpresa).

Ainda havia necessidade









"The latest campaign for JBS Men Underwear created a sort of marketing history on the web by notching up over a million page views in just 2 days since launch. Of course, the viewers were mostly male, non-advertising professionals (everybody knows we advertising types are above temptation, isn't it?). The campaign spread like wild-fire over the net, was picked up and posted by over a dozen sites and created a phenomenal amount of controversy and comments. It's true - viral is worth WATCHING!"

("It’s official, sex still sells", in Ads of the World, 3 Out. 2007)

Campanha da
&Co, Dinamarca, para JBS Men Underwear

Disclaimer: antes das eventuais manifestações de desagrado, directas ou indirectas, lembro apenas que esta campanha publicitária serve-me para sublinhar um tema ainda actual, que não existe qualquer juízo de valor da minha parte e que, no fim de contas, foi criada por dinamarqueses.

Teimosia

"Minha senhora, o comboio não passa aqui desde, pelo menos, 1914."


A metamorfose



"Yeti in Technicolor", de Tim Gough

A vida a preto e branco

Quando me sinto abandonado à beira da estrada, esperando por uma boleia para parte nenhuma. O mundo não é a minha ostra, é mais um bitoque duro de roer e pior de digerir.
Mas a boleia há-de vir. Em technicolor e com som estereofónico.

2.10.07

Vamos à Bica


Vamos à Bica cheirar Lisboa antiga e ver pessoal moderno. Vamos descer a calçada com estilo para beber uma cola e comer uma torrada. Tão típico na nossa Lisboa. Vamos noite cedo, quando toda a gente se prepara para alguma coisa. Vamos sentir-nos bem nos nossos hábitos e costumes. Vamos rever-nos, na Bica. Vem, vamos à Bica, com o rio mesmo ali, quase ali e, se quisermos, porque não, mergulhamos.

Ar de família


Há algo de muito marcante e fundamental nesta foto, tirada em Segura - que tem o seu quê de berço para nós. Como irmão mais velho, o Pedro olha para mim com um ar divertido e a atenção necessária. Nunca perdeu essa noção de responsabilidade, nem o sentido de humor. O sentido de humor, talvez, pontualmente... Já o Tiago diverge para outras paragens. Não quer saber, está na dele e até bazava em menos de um instante. A esse ninguém o conseguiu agarrar, até hoje. Seria bom reencontrá-lo mais vezes, noutros momentos, já que não vale a pena interrogarmo-nos sobre o que se perdeu pelo caminho. Quanto a mim, já nasci com ar sisudo, uma mão a pedir ajuda e a outra pronta a esmurrar. O que mudou? As sinergias. O que nos define, une e afasta está no sangue e nunca vai aprender a responder por si.

Sex is hardly ever just about sex


Look I'm standing naked before you
Don't you want more than my sex
I can scream as loud as your last one
But I can't claim innocence

Oh God could it be the weather
Oh God why am I here
If love isn't forever
And it's not the weather
Hand me my leather

I could just pretend that you love me
The night would lose all sense of fear
But why do I need you to love me
When you can't hold what I hold dear

Oh God could it be the weather
Oh God why am I here
If love isn't forever
And it's not the weather
Hand me my leather

I almost ran over an angel
He had a nice big fat cigar
In a sense he said you're alone here
So if you jump you best jump far

Oh God could it be the weather
Oh God why am I here
If love isn't forever
And it's not the weather

Oh God could it be the weather
Oh God it's all very clear
If love isn't forever
And it's not the weather
Hand me my leather.


"Leather", Tori Amos

(Foto de David LaChapelle)

Navegar é preciso

Estou contigo, Shirley





"I think of life itself now as a wonderful play that I've written for myself, and so my purpose is to have the utmost fun playing my part."

Shirley MacLaine

Pupu dances for Ema, who has just arrived


Parabéns A. & M.

(Ilustração de Julia Gukova)

1.10.07

Canção de embalar

Não chores, meu pequeno
Porque o Sol vai rir-se contigo
O céu vai abrir e quer admirar-te

Embala a tristeza
Porque a terra anseia pelos teus passos
E deves-lhe esse consolo

A mudança é sofrida
Mas a dor não fica
A mágoa apaga-se no frio
E a vontade acende-se ao luar

Dorme
Esquece-te e deixa-te levar
Sempre te espreitaram estrelas atentas
Prontas para um abraço estreito


Sossega
A tempestade vai-se embora.
Depressa virá o cheiro a terra fresca
E um convite para todos os caminhos

Segue-os
E dá-lhes as cores que desejares
Escolhe o
rumo que mereces
Iluminado pelos teus imensos olhos

Não chores, meu pequeno
Porque um dia...
Um dia o Sol vai rir-se connosco.

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