22.6.07

O meu noticiário é um jogo de computador









A BBC lançou recentemente uma campanha agressiva, com billboards imponentes e interactivos no centro de Nova Iorque, a anunciar a chegada aos Estados Unidos da BBC World. Há não muito tempo atrás, a cadeia de notícias por cabo N24, alemã, avançou com os anúncios acima exibidos (a versão inglesa é repescada de uma qualquer shortlist de prémios publicitários, pois com certeza). Ninguém duvida do impacto das mensagens, mas o conceito subverte a própria essência da informação noticiosa: a isenção e a objectividade. A manipulação ou especulação factual e/ou ideológica cria uma dimensão adicional à notícia, que a ultrapassa e subjuga, favorecendo o espectáculo e o clima de agitação. O convite à “participação” dá, além disso, um ar de quiz show, com informação referendada pelo grande público. Se a CNN inaugurou uma nova filosofia de informação espectáculo, seguida de perto por quase todas as grandes estações norte-americanas e sucedâneos espalhados pelo mundo, da BBC não esperava tanto espalhafato. Numa temos um exemplo de populismo quase lúdico, noutra, uma demonstração de maniqueísmo demagógico que escamoteia de uma penada a complexidade da situação. A informação não tem de agradar, mas, ao ser assumida como produto de grande consumo, faz uso das mesmas estratégias agressivas dos anunciantes de entretenimento massificado. Acho o conceito publicitário e a execução gráfica e técnica dos cartazes da BBC francamente bestiais. Do ponto de vista ético… digamos que prefiro virar os olhos para as notícias com a Alberta Marques Fernandes, na boa, velha e portuguesinha a 2.

Sem comentários:

Arquivo do blogue