14.1.16

Words of wisdom


"The more we’re governed by idiots and have no control over our destinies, the more we need to tell stories to each other about who we are, why we are, where we come from, and what might be possible. Or, what’s impossible?"

(Alan Rickman, IFC, 2008)

R.I.P. Alan Rickman

Truly, Madly, Deeply, de Anthony Minghella

Há muitos anos atrás, numa das providenciais sessões especiais do cinema Avenida, em Coimbra, deparei-me com uma pequena pérola chamada Truly, Madly, Deeply. O segundo filme de Anthony Minghella, uma história bonita e despretensiosa sobre a perda e a possibilidade de reencontro com o amor, revelava-me também outras facetas de um actor que até então associava essencialmente a papéis de contornos mais aristocráticos e/ ou mefistofélicos: Alan Rickman. A sua interpretação, de uma surpreendente sensibilidade, associada à gravitas do tom e figura, tornaram-no possivelmente no mais improvável herói romântico que vi no cinema na década de 90. Não seria este o papel a definir a sua carreira. A generalidade do público e crítica optará pelas composições severas com uma dose de humor corrosivo, em vários blockbusters. Mas é por este filme que eu preferirei lembrá-lo. Ou pelo Colonel Brandon de Sense and Sensibility. Ou a emprestar a sua voz inconfundível a Marvin the Paranoid Android em The Hitchhiker's Guide to the Galaxy. E pela inteligência e dignidade como actor e figura pública. Deixou-nos um dos grandes.

13.1.16

Suburban sexy 37


O futuro da solidão



"In America they went out on the streets and fought for equal rights, and over here people are too busy on fucking Grindr or shaving their arses to be able to do anything. Where's their fight?"

(Weekend, de Andrew Haigh)

Selfie yourself free


As pessoas tiram selfies para se lembrarem que existiram?

(Ilustração: Jean Julien)

2016


Hold fast to dreams 
For if dreams die
Life is a broken-winged bird
That cannot fly.

Hold fast to dreams
For when dreams go
Life is a barren field
Frozen with snow.

Langston Hughes, "Dreams"

(Pintura de Cândido Portinari)

Criteria


Only What's Necessary: Charles M. Schulz and the Art of Peanuts, Chip Kidd

Suburban sexy 36


Lenin grade

Para quem, como eu, tem pouco espaço em casa, mas aprecia toques decorativos ocasionais, o bibelô não constitui objecto de desejo. Elementos estilizados pelas paredes substituem-se à parafernália de prateleira. Em nome de uma económica harmonia, o minimalismo erradica eventuais sinais de mundividência. É uma filosofia que só um busto de Lenine consegue vergar. Porque um busto de Lenine é convidado a entrar na habitação mais renitente. É capaz de penetrar a sensibilidade mais céptica e de seduzir o mais espartano dos estetas. Um busto de Lenine não se limita a poisar. Traz um pouco de revolução para o escritório, a sala, ou até a cama, se optarmos pela mesinha de cabeceira. E basta um busto de Lenine para pôr travão ao imperialismo decorativo. Porque é intenso, porque é imponente e porque é um matacão que ocupa meia estante enquanto assusta a vizinhança. Quero.

Time and its lapses


Geoff: You really believe you haven't been enough for me?

Kate: No, I think I was enough for you. I'm just not sure you do.

(45 Years, de Andrew Haigh)

A view from the master


Isto é do tempo em que sentia um enorme entusiasmo pela saga Star Wars. Acho que explica por que me é difícil recapturar esse espírito. A inocência morreu com o View-Master.

A arte é onde a vida está


“Living has yet to be generally recognized as one of the arts.”

Karl De Schweinitz, The Art of Helping People Out of Trouble

(Ilustração de Daniele Simonelli)

L'Oréal Trolha Expert




Deve haver uns tios e umas tias no marketing da L’Oréal que, por entre risinhos húmidos, ainda se estão a bajular à conta do tamanho da sua criatividade (tão giros os trocadilhos). Esta nova campanha às bolas grandes é uma pedrada no charco da publicidade nacional. Antes de chegar à lama, o seu enorme volume escaqueira sem perdão os telhados do bom senso. Isto não é de homem, nem de mulher, é só intensamente, XXL estúpido. E tiazada reprimida a fazer marketing é como vegetarianos a comer alheiras. Dá merda da grossa.

Arquivo do blogue