- Tenho algo a anunciar-vos.
- Diz, amor.
- A chouriça está uma delícia.
- Está, não está? Tão torguiana, não é?
- Não. O Torga nunca escreveu sobre chouriças.
- Pois, claro, está bem, quer dizer, é uma força de expressão, é…
- Bom…
- Diz, querido, que me pões vesga de inquietação…
- Sim, diz-lhes!
- Hum… Esta apreensão desfoca-me.
- Quer dizer, diga, Nuno, diga o que
lhe vai na alma.
- Vou-me embora.
- Embora? Embora?! Como ousas abandonar-nos?
Com cabazes nos enganas, é isso, é? E o que vai ser de nós, figuras públicas iméritas? E as famílias de tantos funcionários públicos dedicados?!...
- Caguei.
- Perdão?
- E eu, velho e cansado… Quem me vai pegar na mão e levar a passear pela História? A minha Clarinha, não a leves, não?
- Não. Nada de carcaças de esquerda a lixarem-me o share. Levo
a Sílvia que é gira e bem mandada.
- És atroz. Fico toda pixelizada.
- Tá caladinha. Tu vais viver com o Gil que
é o que fazes melhor.
- Eu estou que não posso. E quem escreve estes
diálogos é um portento. Ainda há bacalhau?...
- Ouve lá, rapaz, tu não achas que eu sou igualzinho ao Tozé Martinho?
- E vocês, totós, não estão contentes por mim?
- Porreiro, pá!
- Porreiro, pá!
(*Lá diz o meu irmão Pedro)
2 comentários:
Porreiro pá, porreiro...
Não perdem pela demora...
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