14.1.08

Vidas* - Fotonovela de baixíssima resolução. Episódio 1: A Revelação.



- Tenho algo a anunciar-vos.
- Diz, amor.



- A chouriça está uma delícia.



- Está, não está? Tão torguiana, não é?



- Não. O Torga nunca escreveu sobre chouriças.



- Pois, claro, está bem, quer dizer, é uma força de expressão, é…



- Bom…



- Diz, querido, que me pões vesga de inquietação…



- Sim, diz-lhes!



- Hum… Esta apreensão desfoca-me.



- Quer dizer, diga, Nuno, diga o que
lhe vai na alma.



- Vou-me embora.



- Embora? Embora?! Como ousas abandonar-nos?
Com cabazes nos enganas, é isso, é? E o que vai ser de nós, figuras públicas iméritas? E as famílias de tantos funcionários públicos dedicados?!...



- Caguei.



- Perdão?



- E eu, velho e cansado… Quem me vai pegar na mão e levar a passear pela História? A minha Clarinha, não a leves, não?



- Não. Nada de carcaças de esquerda a lixarem-me o share. Levo
a Sílvia que é gira e bem mandada.



- És atroz. Fico toda pixelizada.



- Tá caladinha. Tu vais viver com o Gil que
é o que fazes melhor.



- Eu estou que não posso. E quem escreve estes
diálogos é um portento. Ainda há bacalhau?...



- Ouve lá, rapaz, tu não achas que eu sou igualzinho ao Tozé Martinho?



- E vocês, totós, não estão contentes por mim?



- Porreiro, pá!



- Porreiro, pá!

(*Lá diz o meu irmão Pedro)

2 comentários:

Mono disse...

Porreiro pá, porreiro...

João disse...

Não perdem pela demora...

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