9.4.07
Morte aos feios
Hoje sonhei com a Floribella. Enfim, não com a Floribella, com a rapariguinha a quem piedosamente chamaremos actriz, que dá ancas e perninha curta à personagem, no seu sotaque colorido a quem os loucos chamam torpe. Sonhei que ela tinha morrido. Como, não me lembro, mas talvez de tanto a ver nas capas das revistas o meu subconsciente tenha engendrado um despiste de jipe na Rebordosa, a fugir das objectivas. Ou uma overdose de smarties e Raposeira na banheira do Valentim Loureiro. O que mais estranho é esta figura ter-se imiscuído no meu sossego de uma forma tão crua. É assim tão forte esse desejo oculto? Na verdade até senti uma leve angústia. Pobre moça, na flor da vida e tão bem encarreirada para ser flor a vida inteira. Mas eis que acordo e constato, lá para o meio do dia, que tudo segue segundo a ordem natural no meu doce Portugal. Dei até de caras com a capa de uma publicação que me põe ao corrente do actual estatuto da menina. Certifico-me de que, vivas ou mortas, estas eminências do vazio me remetem sem dó para uma permanente realidade paralela, onde o bom-senso sofre um exílio de duração indeterminada.
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