27.7.11

Diz que disse


Bom, reforma-se o "Coisas que gostaria de ter dito", uma vez que, bem pesadas as implicações de tal título, são expressivamente mais abundantes as coisas que gostaria de não ter dito. E além disso passamos a vida a reproduzir, a assimilar e a reinterpretar o que outros dizem, consciente ou inconscientemente, nas mais distintas situações. Às vezes até em intensos debates interiores ecoam na nossa mente as palavras sábias de Gabriel Alves ou da Amiga Olga, incontornáveis do consciente colectivo. Eu próprio sou acometido bastas vezes pela verdade insofismável que "o bacalhau quer alho" contém. Embora ultimamente "vai vir charters" se tenha imposto pela sua notável capacidade de síntese e irrecusável modernidade. A verdade é que nos esquecemos muitas vezes das fontes e ignoramos a sua legitimidade. Cada vez menos faz sentido rapinar pensamentos das figuras que admiramos e muito menos reflectir sobre eles, uma vez que a Wikipédia nos dá tudo feito. A Wikipédia diz tudo o que precisamos de saber e descobri que tudo o que gostaria de ter dito foi compilado pelos wikiloompas. Acresce que de há tempos a esta parte pasmo perante a lábia farolizante de Marcelo, concluindo que eu também gostaria de dizer o que ele diz. E ele diz tanto, e coisas tão mais sábias que Quim Barreiros. Bom, talvez não mais sábias, mas seguramente mais elegantes. Quem ganha a vida com opiniões pão de forma (do tipo tão práticas quanto nocivas e tão fofas quanto insidiosas), preenchendo simultaneamente a sua ocupada agenda de vendettas pessoais, olha que merece um ou dois doutoramentos honoris causa. Vou treinar muito para Marcelo, aglutinar a sua prosápia lapidar e sorver o máximo de informação aleatória, para não ter que aspirar ao que os outros dizem mas sim ser eu próprio um imparável processador de resenhas cerebrais. E se não conseguir moldar o futuro da humanidade, nem mesmo alterar o destino de uma nação, poderei pelo menos aspirar a um rotunda.

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