19.7.11

Annette's Blues


Se os prémios da Academia não fossem presa fácil da ofensiva mediática dos estúdios e fizessem realmente algum sentido, Niels Arestrup teria ganho o Oscar de Melhor Actor Secundário por Un Prophète (que estreou nos E.U.A.), Lesley Manville o de Melhor Actriz Secundária por Another Year e Annette Bening teria recebido a estatueta de Melhor Actriz pelo seu trabalho em Mother and Child. Trocaríamos esta nomeação pela de The Kids Are All Right e não tínhamos de assistir a Natalie Portman a dar à luz um discurso de baba, ranho e sentimentalismo genérico. Bening é uma master class de, bom, classe e carisma, seja qual for o papel que habite, mas no filme de Rodrigo García Barcha
a paleta de emoções a que recorre é talvez a mais complexa e intensa da sua carreira. Abandona-se, sem um pingo de "jogo" e vaidade, ao lento, introvertido e por vezes agonizante processo de reconstrução de uma mulher que desistiu de si. Esta interpretação crua, que não busca simpatia nem compaixão, acaba por nos arrastar incondicionalmente numa busca de redenção. Valeria a pena ver o filme só por Annette Bening, uma das maiores actrizes americanas contemporâneas, mas Mother and Child é uma obra delicada, inteligente, com uma história de perda e pertença muito bem construída em torno dos talentos de Bening, Naomi Watts, Kerry Washington, S. Epatha Merkerson e Samuel L. Jackson.

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