A presença de ilustres (e santas) figuras como Berlusconi e Mugabe foram a única coisa que achei coerente na manifestação de histeria pop-religiosa que os meios de comunicação nos espetaram p’los olhos adentro, escarafunchando na orgia de atavios, adereços e eunucos como uma chusma de paparazzi no cio. Dois tamanhos trastes no evento deram um toque de realidade ao circo de óstias e vestes acetinadas que a igreja montou para se reabilitar publicamente. E não nos fazem esquecer que, em tempos de aflição, o povo precisa mesmo é de forma sem substância: o Rottweiler a regurgitar em latim, o freiral em frenesim por sair à rua e um exército de parasitas a arejar a sotaina. Com tanto saiote e gajedo exaltado à volta de uma ampola espanta-me que não tenham apanhado o Silvio a alçar a perninha para marcar território. Milhares de peregrinos? Pois sim, se calhar o orçamento não chegou para irem aclamar a Kate e o outro tipo a arrastarem-se numa charrete forrada a talha dourada, cujos arreios custam mais do que três temporadas de bola na bancada principal.
Este processo de espiritualíssima burocracia é anacrónico, hipócrita e genericamente inane, mas isso pouco interessa à igreja. O simbolismo maior que daqui se retira não é o do persistente poder da Bíblia. É a adequação perfeita do regime eclesiático à santa palavra da revista cor-de-rosa.
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