30.5.11

Bestanário


O Bastonário é capaz de percorrer rapidamente o espectro da verdade ao delírio porque, infelizmente, o registo de exaltação relinchante tolda-lhe o juízo. Parece padecer de uma espécie de síndrome de Tourette, ou seja, a asneirada é compulsiva. É pena, porque semelhante trombone poderia ser bem mais útil ao país se viesse equipado com um potenciómetro que permitisse silenciá-lo quando a asnice começa a jorrar. Quando por uma vez, ainda bem que por excesso de zelo, um juiz os tem no sítio e põe uma sociopata menor em prisão preventiva, numa medida extrema mas exemplar, claro, de quem diz que esta merda não pode continuar assim, o Marinho cospe as hemorróidas numa moléstia de indignação, referindo de passagem que "um indivíduo que matou outro numa esquadra não ficou em prisão preventiva". Para quê, para exemplificar a mão leve e serena da justiça, ó sua animália galopante? Ou porque representa uma assustadora brecha no sistema? E já agora, que sistema? A pouca justiça que ainda subsiste vem pela mão dos magistrados que não se acagaçam. Dos que agem de acordo com a sua consciência e não são escravos de directrizes bolorentas. Interessa lá se foi pressionado pelos média, para alguma coisa eles hão-de servir. Terá este justiceiro autista a noção de quantos professores por esse país fora, só para dar um exemplo, viram ser exercido pela primeira vez um esboço de castigo sobre estes detritos da espécie? 

Ilustração: Beppe Giacobbe

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