9.10.09

Um susto de filme



Sam Raimi deve ter realizado Drag Me to Hell para matar saudades dos tempos de quase penúria e de provocação delirante que viram nascer a série The Evil Dead. Mas a verdade é que esses tempos, claramente, já lá vão. O seu último acto de transgressão parece ter sido pôr Tobey Maguire a dançar numa das sequências mais confrangedoras da saga Spider-Man. Se os seus melhores filmes (a meu ver, Darkman, A Simple Plan e The Gift) antecedem a rendição à indústria, não esperava que no intervalo entre um êxito estival e outro fizesse uma espécie de downgrade demoníaco de Beetlejuice, vendido como filme de “terror”. O único horror, aqui, consiste em ver a fita do princípio ao fim. Com um orçamento mais lustroso, mas sem norte nem convicção, Raimi tenta ordenhar um série Z amigo de todos os públicos e do product placement (descarado), desbaratando totalmente o gore e o factor susto em função de duas ou três sequências de humor desopilante, é certo, mas que parecem pertencer a um programa de sketches. Da péssima direcção de actores (o amadorismo dos secundários e o protagonismo desamparado de Alison Lohman e Justin Long) ao argumento desleixado, passando pelo falso ar irreverente, não há nada que se salve neste filme. O facto de a crítica em geral ser positiva só me torna mais convicto de que os escribas especializados não são mesmo de confiar.

2 comentários:

Mono disse...

É assim tão mau?
Acho que ainda não vi o The Gift. Tenho de sacar :p

João disse...

Vamoláver, eu não gostei porque estava à espera de uma fita de terror, e isso ele não é. Se estiveres com uma disposição diferente e quiseres ver ali algum
do espírito mais 'fora' do Evil Dead, até lá vai, mas não disfarça uma enorme falta de ideias. O The Gift é bom, mas não esperes um grande filme.

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