18.4.08

Dia 10: um impasse & um cão suicida


Ontem tivemos uma aula um bocadinho à cão com o Gato Fedorento. Com o Gato amputado, porque só dois puderam comparecer. Por um lado entendo que a coesão de cada módulo se encontre no final do mesmo, por outro custa-me aceitar que um curso não tenha um programa mais redondo. É certo que as PF não são uma faculdade e que os “docentes” têm muito mais que fazer para ganhar a vida. Ainda assim, esta formação merecia mais investimento em termos de coordenação e de solidez. Quando se passa para outro módulo há sempre um vazio, sobretudo quando as sessões são poucas. A ideia de continuidade fica esboroada o que, com as constantes mudanças de calendário e o horário tardio, exige um recomeçar cansado por parte dos discentes. Exemplo disto foi o two man show de Tiago Dores e Ricardo Araújo Pereira, que talvez não tenha encontrado uma plateia com disposição à altura do virtuosismo dos oradores. Esforçaram-se, dadas as circunstâncias – temporais, climáticas, clubísticas e outras que tais –, mostraram-se disponíveis e repletos de referências, mas a razão maior daquela presença, para nós, foi a oportunidade de contactar com indivíduos que são um paradigma de sucesso pelas próprias mãos, num universo onde quase ninguém com talento merece reconhecimento. Tipos que escrevem e executam o seu trabalho em relativa liberdade. Ajoelhai perante o ídolo! Deu para sentir o pulso aos métodos e às motivações e foi simpático perceber no Tiago um gajo franco, inteligente e com uma necessária dose de humildade. A presença e o discurso de RAP ajudaram a explicar a razão da minha resistência ao humor do Gato. Mais um motivo para surgir como cão raivoso aos olhos dos meus pares e ser um outcast em geral. Mas que se lixe, o humor (como as opiniões, de resto) discute-se e, se possível, digladia-se.

(Ilustração: Robert Goodin)

Sem comentários:

Arquivo do blogue