19.5.10

Deus ilumine as nossas finanças


A mim o pai ensinou-me que, se tens pouco, deves gastar apenas no essencial e não andares para aí a torrar o que não tens. O pai e a mãe também me ensinaram que, acima de tudo, não deves andar a endividar-te com carcanhol que não é teu, porque isso equivale, bom, a roubo? O que o pai não me ensinou, mas eu eventualmente aprendi, é que não há ninguém que deve ditar o que é ou não é bom para ti, e que isso é tanto mais grave quanto a inutilidade, senão o prejuízo, que tais decisões te vão trazer. Mas o que o pai também me ensinou, seguramente mais do que a mãe, é que não há campanha beata que se aguente, muito menos com aquele imaginário de naftalina que nos interpela com condescendência sobranceira.

15.5.10

Hard copy 18



Nos setentas a emancipação feminina e a maroteira por vezes confundiam-se, daí que anúncios como este manifestassem entusiasticamente uma outra condição. Hoje em dia, quando a Lady Gaga, Beyoncé e quejandas agitam freneticamente a perseguida com um fio de pano que tão pouco deixa à imaginação, exibir uns mamilos pujantes seria como apontar mísseis à moral pública.
E eu cá prefiro maroteira ingénua a pornochanchada mal disfarçada.

Alexandre, não sei onde arranjaste isto, mas queremos mais como este.

13.5.10

Rise and (The) Shining


O designer Chris Dimino criou este relógio de parede que, a cada hora, solta um "Heeere's Johny" por via do seu Jack Nicholson retráctil. Temos um psicopata no lugar do cuco, o que, apesar de original, não deixa de ser muito creepy. Era rapaz para comprar tal coisa, mas não me parece que os detentores dos direitos achem uma boa ideia de merchandising.

12.5.10

Um sentido adeus

Tim Minchin - Pope Song from Fraser Davidson on Vimeo.


Visto aqui (obrigado, Mono, still waiting for that call, e desculpa lá o ripanço), saído da mente desvairada deste gajo.

Dupla revelação



Se Bento veio, Bento também haveria de ir. Uma segunda oportunidade para acenar à direita sem fixar o olhar embalsamado em coisa alguma, apenas acompanhando vagamente a linha do passeio, à medida que o Mercedes-aquário desfilava rua abaixo. Entre uma agente da autoridade com galharda postura e um anúncio maroto a uma revista feminina, o nosso protagonista não deixou de mostrar quem é que manda na gaiola, pondo as outras malucas em sentido com notável firmeza. Alguém deixou acabar os aperitivos...

Efeitos especiais por Gonçalo G.

11.5.10

Revelação


"Ouve lá, ó núncio, há óstias recheadas para o almoço?"

Acabámos de ver passar o Bento aqui mesmo à porta do trabalho, mas o papamóvel ia na esgalha e a relíquia só acenou para o lado direito. O gajo é pequenino e tem uma fixação pelo branco. Mesmo assim fiquei com um tesão de fé.

8.5.10

Regresso às origens



Porque o meu planeta até tem coisas boas.

How many words is too many?









I've had enough of those.
Time to sober up.
Time to get real.

Grande Tangerina








































Bernardo Carvalho,
um dos melhores ilustradores portugueses e um dos responsáveis pela editora Planeta Tangerina, venceu o Prémio Nacional de Ilustração 2010, pelo livro Depressa, Devagar, escrito por Isabel Minhós Martins. Uma distinção atribuída anualmente pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas que este ano contou com 117 obras a concurso, de 76 ilustradores e 35 editoras. Madalena Matoso, outra magnífica ilustradora lusa, também colaboradora da Planeta Tangerina, recebeu uma Menção Honrosa.

6.5.10

The kindest month



Ilustração de Steven Wilson

4.5.10

Uma Editora com tomates



A Fenda está presente na Feira do Livro de Lisboa e para o publicitar fez este mailing com muita piada. Bem a propósito, nas vésperas da santidade vir cá torrar mais um bom bocado do Orçamento do Estado, com o carnaval de Fátima no menu.

Obrigado, A.

3.5.10

Quando "liberdade" é uma força de expressão



A Bélgica é o primeiro país europeu a proibir o uso em locais públicos do véu islâmico (burca e niqab). A interdição estende-se a ruas, lojas e edifícios e exceptua festividades como o carnaval. É uma medida peremptória por parte de um país que já tem leis locais a banir o uso de acessórios que cubram o rosto do cidadão, em escolas e em edifícios da administração pública. Outros países europeus começam a aplicar medidas semelhantes, mas o receio de represálias ainda se impõe à vontade pública e política. Entretanto, esta iniciativa da Bélgica já deu azo à mais variada retórica pseudo-liberal sobre a liberdade individual num Estado Democrático de Direito. Mas então, digo eu, o Estado como tal não existe também para impedir manifestações individuais ou colectivas de extremismos que afectem a concepção do mundo dos seus cidadãos? Porque o véu islâmico é ofensivo. Da liberdade, do progresso social e do auto-desígnio. Não se rege por nenhum princípio mimimamente integrado no nosso modelo social, antes pela expressão acintosa da sua rejeição, através da exclusão e do autoritarismo. Mesmo que pelas vozes de algumas destas mulheres se faça ouvir uma aceitação mais ou menos lobotomizada da sua "condição". Menos mal que, por enquanto, ainda se podem manifestar. Não tardará que os poucos direitos que possuam sejam trancados a sete chaves e a transgressão punida com um apedrejamento público. Sim, há limites à expressão da nossa individualidade, prenda-se ela ou não com crenças religiosas. Qual é a surpresa? Acaso alguém passeia pela rua com uma meia de senhora enfiada na cabeça, sem consequências? E um casal a ver as montras no centro-comercial, ao domingo à tarde, enfiado nos seus trajes sado-maso? Ou eu agora decidir que a minha religião me ditava que andasse nu, só com meias, ali para os lados da Loja do Cidadão nas Laranjeiras? Só porque existe uma consciência "religiosa", medieva, repressiva e brutal, que se impõe aos costumes de um país, aos preceitos de uma cultura, a todas as conquistas sociais partilhadas e ao mais primário bom senso, eu tenho de levar com ela? Não só o Estado tem a obrigação de agir para me proteger como é moralmente responsável por libertar as mulheres daquele jugo. Quem não aceitar vá ser fanático em locais destinados ao efeito, tipo clubes de asfixia, saunas de sudação extra e cooperativas do cinto de castidade, ou então regresse ao buraco negro que o cuspiu.

Alta filosofia






A expectativa depositada nas relações humanas não deve superar a que se coloca em encontrar peixe fresco no super do bairro. Afinal, o congelado também faz bem e tem muito menos espinhas.

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