Melody Gardot é uma flor rara. Uma flor que nasceu e cresceu luminosa no meio do infortúnio. Se pesquisarem a história dela verão que se trata de uma daquelas pessoas que definem “humanidade”, em tudo o que tem de admirável e redentor. Antes de começar a ouvir My One and Only Thrill desconhecia os seus antecedentes. Arranjei o álbum porque era produzido por Larry Klein, que trabalhou nalguns dos meus discos favoritos de Joni Mitchell, e por causa de uma daquelas solícitas sugestões online (“Se gosta de Madeleine Peyroux vai gostar disto”). O encanto de Gardot não é igual ao de qualquer outra vocalista de jazz que tenha ouvido. Não é artificioso, nem portentoso, nem tem a indolência calculada de uma Diana Krall que várias vezes, e erradamente, se lhe associa. O seu embalo é só dela connosco, sem plateia. Suave mas firme, verdadeiro e generoso, sem cálculos. E agora percebo, sofrido. Mesmo quando canta sorrisos, o tom de Melody é quase imperceptivelmente triste. O que só torna a sua música mais rica e distintiva.
4.9.09
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