David Guttenfelder (AP)
Pedro Ugarte (AFP)
Bobby Yip (Reuters)
Em Abril deste ano, o governo da Coreia do Norte convidou dezenas de jornalistas estrangeiros para fazerem a cobertura do 100º aniversário do nascimento de Kim II Sung, fundador da nação, que é imposto como deidade à população, estando interdita qualquer menção à sua morte. Uma boa forma de vislumbrar a aparente demência colectiva, cruzada com um terror mudo, é lendo Pyongyang, de Guy Delisle, livro sobre o qual publiquei um post, há uns tempos. Tenho um fascínio quase mórbido pela Coreia do Norte, talvez por não conseguir entender como, neste milénio, a subjugação pode atingir proporções tão avassaladoras e, simultaneamente, tão inanes. Uma gigantesca máquina enferrujada movida a irracionalidade, esmagando as mais pequenas formas de evolução humana, para sustentar uma oligarquia enlouquecida que fez do medo uma espécie de ópera-bufa. Pela primeira vez, fotógrafos internacionais tiveram a oportunidade de documentar a capital e as suas imediações (muitas das imagens foram captadas na viagem de comboio a caminho da zona de lançamento do foguete Unha-3, incluído nos festejos), se bem que permanentemente "acompanhados", e, como tal, condicionados, por fiscais do Governo. Mesmo assim é admirável, em informação e vivência, o que as objectivas de profissionais como David Guttenfelder, Pedro Ugarte e Bobby Yip conseguiram registar. Nós, que vemos os nossos bens morais e materiais continuamente hipotecados, devíamos pensar (e usar) mais vezes no admirável bem que possuímos.
Podem ver mais aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário