6.2.09
Once upon a time in America
A minha amiga Ana B. enviou-me este anúncio profético, datado de 1984. Não fui averiguar a autenticidade, mas a realidade é quase sempre mais estranha do que a ficção, por isso... E de resto não haveria assim tantos argumentos disponíveis para publicitar um empreendimento que se destacava... pela altura. Sorri ao recebê-lo, pela amarga ironia, mas não consigo rir-me das piadas que hoje commumente se fazem à custa das Torres Gémeas. Não consigo esse distanciamento, que considero irresponsável, mas consigo entendê-lo. Só que me lembro muito bem de ver as pessoas a saltarem pelas janelas, naquele fatídico dia. Estava em casa do meu irmão Pedro, lembro-me de o chão me ter fugido e de o meu cérebro ter bloqueado, incapaz de processar o que estava a acontecer. Entrei numa depressão ainda mais intangível do que é habitual. Não evito sorrir, mas não consigo esquecer.
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2 comentários:
O choque foi transversal: a perplexidade, a impotência, o desespero foi comum a milhares de pessoas, poucos terão ficado indiferentes, estou certo que também pensas assim.
Mas a piada é uma forma de exorcisar, de, em última análise, aliviar das nossas consciências o que, sedimentado em drama ou angústia, nos corrói. Transformar o negativo em qualquer coisa positiva é uma questão de saúde mental, nunca de irresponsabilidade. Os contextos é que podem ser despropositados. Rir nem sempre é uma forma de desrespeito.
Um abraço
Rui
Há coisas que ainda tenho por resolver na terapia do humor. É stress pós-traumático (pode fazer-se piada disto)? ;)
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