19.6.08

A fúria do açúcar


Soube hoje que o paquiderme da recepção se recusa a ir almoçar se eu for. Estamos a falar de uma gaja de 40 anos que vive com os pais na Margem Sul e exibe um sotaque ridículo, apesar de ter saído de França quando ainda pesava 70 quilos. Já são indicadores ominosos. Uma criatura cujas únicas preocupações aparentes são atulhar
a tripa enturgecida de junk food e alimentar uma ruidosa e inquietante obsessão pelo Benfica. Uma tipa que adora os Anjos. Está tudo dito. Mas não. A verdade é que eu mal conheço o mamarracho. Devo ter-lhe dado alguma confiança quando entrei para a Agência e estava a tentar familiarizar-me com toda a equipa, em dois ou três almoços com meia-dúzia de pessoas. Até elogiei o seu aspecto jovial por ocasião do 40º aniversário, embora ciente de que aquelas carnes repuxadas até aos adenóides iludem as marcas do tempo e do colesterol. Depois, com o passar dos meses, fui-me deparando com uma orca em retenção anal, sempre de trombas, com ares de finória incomodada, amiga de respostas tortas e gestos bruscos. Nunca me mereceu qualquer simpatia, apesar de dizerem que é uma profissional exemplar - talvez na esperança vã de que alguém encontre uma mulher no meio daquelas rotundas. Mas lá fui cumprimentando e tratando o trambolho com um standard de respeito, em nome do bom ambiente e da cortesia elementar. Pois sim. Ao que parece a querida acha que eu sou o anti-cristo, e tal fixação deu origem ao patético acontecimento de hoje: uma das minhas colegas anuncia-me que se eu for almoçar a sujeita recusa-se a acompanhar-nos. Depois de respingar um pouco, de apontar o ridículo da situação e de tentar encontrar alguma lógica no assunto, decidi escolher outra companhia e não encorajar fantasias. É normal que duas pessoas não atinem uma com a outra. Melhor dizendo, é normal que ninguém atine com ninguém, mas desde os meus tempos de adolescente que não me deparava com tamanha infantilidade, agravada por ser no trabalho e oriunda de um elemento com quem existe apenas a mais superficial das relações. É óbvio que este repolho precisa de ajuda, mas não é minha nem da luz divina, é mesmo da ADEXO, para ver se desentope o cérebro.

2 comentários:

Anónimo disse...

A moçoila não deve ser assim tão má .... cá para mim tem uma paixão por ti! Sempre ouvi dizer que quem desdenha quer comprar. Divirtam-se!
Um beijinho da João e da Mariana

João disse...

Um beijo para a Mariana e para a João. Em dois anos, este foi todo o protagonismo que teve. E assim continuará. Se é boa ou má moçoila, era preciso que eu me importasse. Foi bom para descascar em alguém.

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