3.2.09

Vicky Cristina Whatever



Os últimos dias foram pródigos em idas ao cinema, porque o tempo não permite outras veleidades e porque agora sim, aleluia, começam a estrear coisas dignas de se ver. A primeira investida, embora relutante, foi a Vicky Cristina Barcelona, e confirmaram-se as reticências. Se é certo que a coisa é escorreita e inofensiva, mais certo é que a sua intranscendência torna a decadência de Woody Allen bem evidente. Onde outrora personagens e relacionamentos complexos ditavam a acção, agora encontramos figuras em papel machê e diversos elementos decorativos a substituí-la. E não é Penélope Cruz, presença poderosa a devorar cenário com uma personagem inexistente, que redime Vicky Cristina Barcelona. A falta de convicção, a pressa e a incoerência na escrita são marcas ou de cansaço ou de uma vontade serôdia de ser “moderno”, coisa que se traduziu, neste caso, em generosos resultados de bilheteira. É o Woody Allen palatável dos anos 2000, sem ironia nem neurose (excepto, possivelmente, a da renda).

3 comentários:

Mono disse...

É triste ver o Woody Allens ser tão inconsequente.

João disse...

Eu cresci a ver o Woody Allen. Papei vezes sem conta o Annie Hall, o Dias da Rádio, o Manhattan, a Rosa Púrpura do Cairo... As comédias tresloucadas.
Mas acho que a carreira do Woody que conheci terminou no Balas Sobre a Broadway. Com um renascimento um bocadinho sobrevalorizado no Match Point. Mas ele devia tirar uns aninhos e escrever um argumento de jeito.

Mono disse...

Sim, devia ficar em Manhattsn, lá com a chinesa, durante uns tempos, a pensar na vida e escrever qq coisa de jeito.
O Match Point não é mau, mas o Cassandra's Dream nem o consegui acabar...

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