20.2.08

Fadeout



Ciente de que este espaço se está a tornar demasiado negativo para consumo generalizado - embora a consensualidade nunca tenha sido o meu forte -, faço uma retirada estratégica em busca de novas inspirações, para ver se a música muda.

E pensas muito bem


"Temos evoluído num mau sentido. Hoje, os valores simbólicos, a qualidade dos afectos, o respeito mútuo das pessoas, perderam-se muito. Penso que um dos grandes problemas é a falta de qualidade das relações afectivas."

(João Seabra Dinis)

Foto: Ashton Keiditch

Pupu and his cardboard friends

19.2.08

No tempo do terylene





Para que não haja subentendidos, esta variação bem catita do polyester vem acompanhada de uma caneca a transbordar de jola, na versão macho, e de dois serpenteantes ramalhetes de flores, na versão senhora dona. O efeito axila sobre os ramos murchos não me parece bem conseguido e o rapaz está algo desconfortável na sua fatiota, como que ansioso por coçar a virilidade. As "vantagens práticas" deste material, que os anúncios não revelam, são uma das coisas mais mal explicadas desde Roswell. Suspeita-se que incluam esterilidade masculina e intenso prurido braquiorradial. O copy remata com uma advertência militarista, porque com o terylene não se brinca(va).

Poder sem galochas


Tempos difíceis


Este país é uma catástrofe à espera de acontecer



As autarquias atacam o Departamento de Planeamento Estratégico, o DPE acusa os arquitectos da CML encarregues das implementações, os arquitectos referem a descoordenação dos engenheiros das autarquias, os engenheiros chamam a atenção para a inexistência de licenciados em Planeamento Urbano e Territorial na CML, o director do Departamento de Planeamento Urbano defende que as condições de intervenção pública não foram desbloqueadas pelo DPE nem pela EDP, o Ministro das Obras Públicas reafirma a importância das normas mas não garante que tenham sido aplicadas, em todo o caso deposita a sua confiança no Ministro do Ambiente, que por sua vez estava fora e ainda não apurou devidamente a natureza dos danos, ao passo que as autarquias contestam a existência de fundos para obras de reabilitação de toda a zona ribeirinha, alegando que na CML nem dinheiro há para adquirir mais um colector de lixo. O entulho não tem como se defender. O Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas diz que assim não é possível trabalhar, o Secretário de Estado da Protecção Civil não comenta e aguarda futuros desenvolvimentos, o Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas responsabiliza os patrões de cada área e estabelecimento específicos e reivindica material anfíbio nos locais de trabalho, críticos e observadores diversos informam que as últimas intervenções de fundo foram efectuadas sob a égide do Marquês de Pombal, quando Lisboa e arredores deixaram virtualmente de se ver, declarando que o actual plano de drenagem dos esgotos de Lisboa prevê que o Marquês fique enterrado em merda até ao pescoço. Sob pressão, o Ministro do Ambiente admitiu que Portugal poderá não estar preparado para o Aquecimento Global nem para o Mundial 2018, devendo já não existir nessa altura, ao que Gilberto Madaíl retorquiu com uma valente charutada e a garantia de que se pode vender a casa em planta. A populaça acusa todos os que lhe parece melhor, mas crê na força do espírito santo. Afinal, se tivesse sido um Katrina não teria sobrado ninguém para se queixar. Morra o Dantas, morra! Pim!

Triunfo

14.2.08

For all the lonely birds









Keep looking.

Singalong



You think i’d leave your side baby
you know me better than that
you think i’d leave you down when you’re down on your knees
i wouldn’t do that
i’ll tell you you’re right when you want
and if only you could see into me

oh when you’re cold
i’ll be there
hold you tight to me

when you’re on the outside baby and you can`t get in
i will show you you’re so much better than you know
when you’re lost and you’re alone and you can't get back again
i will find you darling and i will bring you home

and if you want to cry
i am here to dry your eyes
and in no time
you’ll be fine

you think i’d leave your side baby
you know me better than that
you think i'd leave you down when you’re down on your knees
i wouldn’t do that
i’ll tell you you’re right when you want
and if only you could see into me

oh when you’re cold
i’ll be there
hold you tight to me
when you’re low
i’ll be there
by your side baby

oh when you’re cold
i’ll be there
hold you tight to me
oh when you’re low
i’ll be there
by your side baby


"By Your Side" (Adu, Denman, Hale, Matthewman)

12.2.08

Campanha Nike Athlete e a cultura de marca









«The new model of branding is based on values that drive a company's every action and communication.»

"Give Them Something to Believe In: The Value of Brand Culture", por Doug Lowell and Dennis Hahn, Brandchannel.com, 2007


A Nike é um dos melhores exemplos de brand culture à escala global. Uma marca que a cada nova investida publicitária promove (e/ou cria) crenças e valores que ecoam na consciência dos consumidores e os leva a identificar-se ou a querer identificar-se com ela. Esta campanha, que potencia o mercado feminino (sem por isso deixar de se dirigir, pedagogicamente, ao masculino) tem toda a brand culture que se lhe reconhece e mais alguma: a determinação, a agressividade, o espírito de conquista e de recompensa: tudo muito americano e "masculinizado" -, a responsabilidade social e, a propósito, merchandising muito bem justificado. Exemplarmente, a Nike promove a experiência do consumidor, consolida os valores de marca e dá notoriedade a causas. Sabemos que, em última análise, a "causa" é uma faixa de mercado ainda aberta à exploração, porque a Nike não descura as estatísticas. Mas tudo é feito de forma tão inteligente e coesa que não ofende. Quase nada.

Nouvelle Vache



Olivier Assayas, outrora realizador (Paris S'Eveille, Clean) e argumentista (Alice et Martin, Filha da Mãe) de alguns filmes de relevo, decidiu rodar em inglês com a Ana Malhoa italiana e o clone não desfigurado de Mickey Rourke. É difícil não julgar o livro pela capa, mas, para além de nutrir uma antipatia visceral pela actriz protagonista e por tudo o que é italiano em geral (incluindo a pizza, o logo da Gucci e o meu carro), o cartaz parece coisa de uma americanada de 3ª, destinada às prateleiras do videoclube de Arcozelo, para usufruto solitário do Tójó mecânico. "She's losing control again"? Eh lá, isto promete. Enchido por enchido, prefira-se a farinheira nacional ao salame importado. Também preenche os requisitos e serve a função.

Faz beicinho, bebé


"With Keira, I just tell her every now and then not to pout and she's wonderful."


Joe Wrigth, realizador de Pride & Prejudice e Atonement, sobre o trabalho com a actriz Keira Knightley em ambos os filmes.

Revelador.

8.2.08

Espaço à imaginação

A assistente virtual do IKEA, Anna (com dois enes, não haja cá confusões), anda demasiado ocupada
para atender. Com quê, já agora? Café, cigarrada, converseta com a Lara Croft, o Obi Wan kenobi, agrados ao André de Wit, o quê?!

Apatiodiazepina

O que fazemos quando nos cansamos de lutar? Viramo-nos para a parede e esperamos que passe? Sentamo-nos e agimos como se nada tivesse sido razão suficiente? Onde escondemos a descrença? Que justificações fabricamos? Como lidamos com uma alma que já não reconhece o ímpeto do recomeço? Não há ar fresco para a anestesiar, não há liberdade para a esquecer, não há harmonia para a limpar. O que acontece quando ideias laboriosamente esculpidas se transformam em bibelôs atormentados? Podemos escaqueirá-los um a um e gritar sobre o ruído? E se já não temos voz? E se o ruído nos desgraçou? E o que pensamos, dizemos e fazemos é apenas o vapor de uma proveta reaquecida? E se dos testes nunca se tiraram conclusões? Desiste-se? E quando já nem dói quando a indiferença esmaga de vez a persistência entrincheirada? Quando nos tornamos no partido jamais tomado. Quando nem mudamos de posição, nem reabastecemos a crença, nem traçamos nova estratégia… O que fazemos se tudo o que muda nessa tensão de nada mudar é uma súbita e ácida consciência de inutilidade?

(Foto: Mark King)

Conflito interior


7.2.08

John Cleese on organized religion



"Here's what I think in a single sentence: I think that the real religion is about the understanding that if we can only still our egos for a few seconds, we might have a chance of experiencing something that is divine in nature. But in order to do that, we have to slice away at our egos and try to get them down to a manageable size, and then still work some practiced light meditation. So real religion is about reducing our egos, whereas all the churches are interested in is egotistical activities, like getting as many members and raising as much money and becoming as important and high-profile and influential as possible. All of which are egotistical attitudes. So how can you have an egotistical organization trying to teach a non-egotistical ideal? It makes no sense, unless you regard religion as crowd control. What I think most organized religion—simply crowd control."

Entrevistado por Nathan Rabin para A.V. Club
6 de Fevereiro de 2008

4.2.08

Tragicomédia em Moita da Roda

Tomás & André: ao vivo e com muitas cores


Out of focus



Por onde começar? Logo no início da edição nº428 da inefável revista Focus podem ler-se dislates para todos os gostos. Para quem não saiba - e, francamente, ao adquirir a Focus é porque não quer saber - Julia Roberts "vai receber" um salário cujo valor só ela, o agente, os advogados, o Estúdio e as finanças norte-americanas conhecem, mas que a intrépida publicação garante ser de 25 milhões de dólares. Serve este rigor para publicitar a participação futura da actriz num filme que, à data de saída desta edição, se encontrava há pelo menos duas semanas em cartaz nas salas nacionais. A prosa, essa, é redonda e aperaltada: ele é o "dourado estrelato de Hollywood", ele é fazer concordar "tempos" com "abandonados", ele é a "pausa da maternidade", que foi ali e já voltou... E não, não me esqueci desta pérola: Roberts, sabe-se agora, foi a "protagonista" de Tess. Algo digno de pôr Thomas Hardy a contorcer-se no além. Digam-nos lá como é que se confunde a menina Julia com miss Kinski... Curiosamente, um dado que parece declaradamente disparatado é talvez o único que se afigura verdadeiro: Mike Nichols é de origem alemã. Se a Focus, no 428º atentado à inteligência, diz tanta asneira em tão pouco e trivial espaço, o que não dirá na informação que realmente importa... "Rápido, preciso e directo ao assunto" faz-me lembrar aquele outro adágio: "Rápido, bom e barato". Para Portugal não está nada mal.

1.2.08

Night ride home

















Sigam os animais



Mais informações aqui.

Primavera - Verão 2008 ®



Eis as cores da moda para a nova estação, de acordo com as publicações entendidas. Para além de achar isto muito categórico, fiquei sem perceber se é preciso pagar para usar. Pelo sim pelo não, o melhor é evitar o Rococo Red e ir pelo Byzantine Purple (verficar se a Caran d' Ache não detém a patente).

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