21.3.06

Presidente sentido


Jorge, sabes que tenho por ti a maior estima e preocupação. O retrato da Paula aflige-me. Ver-te assim abandonado, nesse timbre pardacento, nesse teu jeito fechado, de quem mói um sentimento. É que, Jorge, estás mirradinho, consumido, triste e ictérico. Pareces o avôzinho patudo, sem patusquice e com muitos problemas de coluna. O busto da República perde a frescura e a vitalidade só de te contemplar, embora possa ser mera coincidência. O coração fraco não é razão, não explica o súbito nanismo que acometeu os teus membros posteriores. O traço da Paula tende para a robustez e para a emancipação dos movimentos, porquê a pose tão desconfortável nessa cadeira, que quase sou levado a pensar que te aflige a doença do nome feio? E por detrás da cortininha verde, Jorge? Estão as mercearias da Maria José, está o quartinho de hóspedes ou a mulher-cão pronta para te saltar em cima? É por isso que estás receoso? Olha, a Paula é que sabe. Que estejas bem e de saúde.

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