7.12.05

Bravo, Bobi!

Sou só eu ou há mais gente por aí a sentir que a generalidade dos lisboetas deambula em hora de ponta pelos passeios da cidade? Quando digo “deambula” é mesmo um vaguear desnorteado. Os velhotes arrastam-se pelo meio do caminho, certo, é legítimo, se bem que às vezes apetecia-me pegar naquelas canadianas e… Mas já tentaram não evitar uma colisão frontal com uma taralhoca qualquer, vestida de ganga, loura quase até à raiz, com uns pendentes sioux nos apêndices do crânio vazio? A gaja não se desvia! Sobretudo se for em alegre bravata com a amiga: é uma dupla colisão, com um saco de mão a latejar na minha perna, depois de penetração violenta na cerrada brecha da estupidez. E os senhores muito bem postos, daqueles que usam sobrecasaca, que o Eça adoraria descascar, de preferência adornados com cachimbo e farronca? Não se desviam um milímetro que seja, lambuzando os passeios com os seus passos solenes enquanto vomitam sem esgar luminosas sentenças. E um gajo à toa, a galope por aí fora, atrasado, com tanta merda empilhada para fazer… Mas esta gente não tem empregos? Só ordenados? Esgares faço eu, caramba! No metro os tontos aos ésses tomam a perigosa dianteira, os labregos ocupam o lado esquerdo das escadas, sobrepondo-se em número e atitude à determinação de um pobre operário com pressa. Selvajaria ambulatória! Eu bem passo o passe com destreza, sigo uma linha recta, seguro as portas e dou prioridade aos doentes, idosos e às meninas… Nada a fazer. A minha ilusão de civismo é desfeita pela D. Bimba Quarentona que entra pelo lobby do banco adentro, seguida de numerosa comitiva, enquanto o jovem paquete aguarda um “obrigado”. Pelo casalinho Elisabete & Zé Manel, estrumando o percurso de amor e entupindo ostensivamente a via. Pelo guna de boné que não aprendeu a coordenação verbal-motora. Pela sacaria da Srª Prazeres, pelos imbecis a jogar flippers no MB, pelo amontoado de populaça com a tracção de um repolho no deserto do Nevada…

Hoje, a maior demonstração de civismo veio de um rafeiro. Parei eu subitamente para lhe dar passagem e o canito, vendo-me com pressa, contornou por trás.

Sem comentários:

Arquivo do blogue