Lisboa é boa de se ver em praças iluminadas e esplanadas enganadoras. Lisboa não é boa de se viver. Lisboa é um traste sorridente, é uma má notícia solarenga. Lisboa é esquizofrénica. É insconsciente. Lisboa é um achado arqueológico que entrou em erosão. É uma anacronismo. Lisboa trocou a patine pela decadência, os bons modos pela indigência. Lisboa bebe demais, fuma demais, droga-se, cospe e insulta, amontoa crateras nas boas intenções. Lisboa é um político: promete tudo aquilo que não vai dar. Lisboa não cresceu, implodiu. Lisboa não tem saúde e não quer cuidados especiais. É uma caixa de Prozac fora do prazo. Lisboa é um cliché na pena gasta e presunçosa dos líricos de salão. É um faduncho de 3ª elevado a ode pelas gargantas de fantasistas serôdios. Lisboa é uma comunidade subterrânea.
Lisboa é o que nós lhe damos.
E a bem da verdade, não lhe damos coisíssima nenhuma.
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