1.12.05

Game Boy


As histórias infantis são obsoletas, sobretudo nos 5 minutos de inocência permitidos pela lei do mercado.
Acredito que as recolhas, adulterações e criações dos Grimm e de Andersen sejam fiéis a uma pedagogia, seja a medieval ou a própria ética pessoal, no caso do dinamarquês. Consiglieri Pedroso compilou narrativas orais de uma enorma crueza e ainda hoje entre Alfama e Vila Nova de Gaia se encontram exemplos da sua vitalidade. Embalados por um imaginário soturno os alemães reservaram algumas traquinices à Humanidade, a Dinamarca bem espezinhou a moralidade d' O Soldadinho de Chumbo e quanto a La Fontaine, os franceses não precisavam de efabuladores, nem antes nem depois dele. Sempre se levaram demasiado a sério - que o diga Maria Antonieta.
Pela Europa fora as histórias ganharam formas, intenções e destinos diferentes.
António Ferro encarregou-se de adoçar com melaço os contos de embalar. Ganhámos em demagogia e perversidade encapuçada. Muito sinceramente, não é tempo de fazermos uma releitura contemporânea? Os jogos electrónicos são mais adequados para os miúdos do que a sexualidade reprimida das histórias infantis.

Ilustração de Tiago Madeira

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