17.7.12

Enquanto há neve no Kilimanjaro






  Jean-Pierre Darroussin e Gérard Meylan em "As Neves de Kilimanjaro"

Uma lição de humanidade em forma de filme (ainda se usa o termo "lição" sem presunção ou demagogia?...). Simples, tocante, feito daqueles pormenores que me fazem sentir mal por não os conseguir (d)escrever e muito contente por ainda deixarem espíritos subtis oferecer-nos coisas destas. Talvez porque o filme seja francês; embora pudesse ser de qualquer lugar onde coração, sinceridade e ética fossem investidos numa narrativa que revela, por trás da mundanidade e das adversidades quotidianas, um mundo de motivações profundas e nobres que são, afinal, o verdadeiro sol dos dias.

Tudo isto faz ainda mais sentido quando, no dia em que vimos "As Neves de Kilimanjaro", falei com um amigo sobre este "país egoísta" (palavras dele, mas poderia ser "sociedade egoísta" ou "mundo egoísta"). De certa forma, esta história ilustra como este egoísmo - que nos parece, de forma condescendente, uma espécie de traço endógeno exponenciando-se fatalmente de geração em geração - é uma questão de opção. De opção ideológica e, acima de tudo, da opção por um profundo investimento pessoal na vida. Na nossa e na dos que nos rodeiam.

"As Neves de Kilimanjaro" (Les Neiges du Kilimandjaro, FRA, 2011), de Robert Guédidian; argumento de Robert Guédidian e Jean-Louis Milesi, baseado no poema "Les Pauvres Gens", de Victor Hugo; com Ariane Ascaride, Jean-Pierre Darroussin, Gérard Meylan, Marilyne Canto, Grégoire Leprince-Ringuet e Adrian Jolivet, entre outros.

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