1.3.12

Hipocrisia a metro



Se dúvidas houvesse de que o espectro do salazarismo ainda paira sobre a realidade portuguesa, veja-se a recusa do Metro de Lisboa - devido a preceitos "morais" -  em difundir a campanha publicitária ao site de encontros - gay -
Manhunt (que, por sinal, e graças a esta rejeição, teve direito a uma divulgação gratuita exponencial). Evoluímos? Pois evoluímos. Agora não há problema nenhum em expor as criancinhas, os católicos, as viúvas e as pessoas doentes a umas fulanas todas grossas, em lingerie e touca de freira, com meio mamilo a rojar num poste, alentadas por uma frase que apela a arrancar-lhes a cueca. É só uma ideia, creio que dá para perceber. Ou à objectificação mais primária saída desse buraco negro criativo que é o "Boa ZON" (e cujo subtexto de grande subtileza é: "Ó BOAZONA, GROSSA, TESUDUA, RIJA, PAPAVA-TE TODA A SALIVAR COMO UM JAVARDO, TÃO MULA QUE ÉS!"). Nem tão-pouco ao imaginário sexy-seboso de Zezé Camarinha, lembrando-nos orgulhosamente, com divertidos trocadilhos, que é um esplendoroso representante do labrego português na versão prostibular. Enquanto a direcção do Metro faz um gostoso bobó à hipocrisia, fazendo de conta que está no genuflexório a afastar o demo, Cerejeira ri-se lá dos confins do inferno nas trombas da democracia.

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