Quando é que se chegou a este nível de irresponsabilidade? Os franceses Justice sabem que vai haver coros de protesto por toda a parte e especialmente na Net. Sabem bem por onde o vídeo vai circular, quem o vai ver e difundir. Ou existe outra razão para “Stress” ser realizado daquela forma frenética e realista, com merchandising à mistura? Retrato social? O tanas. Aquilo é linguagem de videojogo violento com o mesmo grau de preocupação cívica. Tudo bem, ninguém pede a um videoclip que seja educativo. Mas pretender que se evoluiu do puro escapismo para o documentário é ridículo. Os vídeos vendem. Fazem dinheiro. E este é apenas mais um que, não por acaso, incomoda. Potencia uma música já de si enervante, o que torna a coisa ainda mais oportunista. Não existe contexto, não existe “mensagem”, só existe estupidez disfarçada de intenção artística. Talvez se os dois totós levassem um enxerto de porrada nas escadas do metro e lhes levassem os iPhones tivessem outra perspectiva sobre o assunto. E daí, talvez seja isso que lhes tenha acontecido. Assim se vê que é difícil retirar uma moral desta história. Não há.
(Ilustração: Tom Haubrick)