26.3.08

Dia 3: Faça-se luz







Não o esperava, confesso. O Markl tem uma presença cativante. Talvez seja a aparente inexistência de ego, o facto de não se levar muito a sério e a consciência de mero operário da escrita que, de vez em quando, até tem oportunidade de fazer coisas que lhe dão gozo. Será dos poucos argumentistas todo-o-terreno, já com muita estrada percorrida. Há algo de awkward na atitude, uma falta de à vontade disfarçada por bocas auto-
-derrisórias, apartes com piada, muitos advérbios de modo hiperbólicos (coisa tão lisboeta letrado) e tipificações apuradas dos bastidores da escrita para ficção. Mas o nerd, se é que alguma vez existiu para além do boneco criado e da renda que lhe garante, deu lugar a um sujeito que sabe o que faz, gosta do que faz – em especial da pesquisa – e é bom a transmitir o entusiasmo. As aulas começam agora a ganhar corpo e uma vertente mais prática e o gajo, lá está, sabe quando deve falar e quando deve dar protagonismo aos alunos. A descoberta de Peep Show e de Human Remains teria valido só por si a sessão, mas o Markl traz a lição preparada.

2 comentários:

Anónimo disse...

É engraçado como as tuas dúvidas- metódicas?- quando passam ao papel, se iluminam... O papel e a pena, J., és tu:)...

João disse...

Só é pena ficarem no papel... Deviam ter um uso mais prático. Bom, mas sempre é melhor ter onde dissecar todas as tretas que me passam pela cabeça e não enlouquecer no entretanto.

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