22.11.07

Kindle surpresa








O CEO da Amazon, Jeff Bezos, exibe orgulhoso na capa da Newsweek a prenda do gigante da venda online para este Natal: o Kindle. Prenda para eles próprios, porque a coisa vai fartar-se de vender - e, com ela, os downloads. De gadget freaks a intelectuais progressitas, passando pelo ocasional curioso, o Kindle vai ser apontado como o presente e o futuro do livro e das publicações impressas, tidas progressivamente como obsoletas. É certo que ocupa espaço e gasta mais recursos, mas o livro em papel é uma memória que não se nos rouba assim. Acho muito bem que, por razões práticas e pedagógicas, as novas gerações tenham acesso a uma forma útil de assimilar (boa) informação. Mas para tal precisam de a considerar atractiva. Este é um caminho com muito para galgar, potenciando desde logo a interactividade e a conectividade propostas, aumentando a memória, agregando funcionalidades e redimensionando a estrutura: a tecnologia OLED há-de nos dar coisas quase tão finas quanto uma folha de papel. Tecnologicamente, o Kindle é um passinho de pomba.
Se por um lado se avizinham novos e promissores veículos para a palavra escrita, por outro, a convivência com a velha escola de leitores, afectos ao toque, aos cheiros e ao virar físico da página, é um dado adquirido e saudável. Até ver é neste contacto que se intensifica a vontade de ler, de escrever, de partilhar histórias e transmitir conhecimento. É toda uma sensibilidade de longuíssimo historial. Depois, virão novas realidades e terminologias. Mas neste particular não me lixem, que o futuro há-de ser mesmo amanhã.

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