20.11.06

Não é humor, é cerúleo


O Gato Fedorento faz-me lembrar um anúncio a uma bebida gaseificada que andou para aí a ilustrar a paisagem urbana apregoando virtudes duvidosas. Adaptado à medida destes jovens comediantes, daria qualquer coisa como: “Sem açúcar, sem calorias, sem corantes, sem conservantes, sem gordura, sem proteínas, sem vitaminas, sem sais minerais, sem sal, sem gás, sem sabor e, porque a malta é mesmo iconoclasta, sem conteúdo!”. A única coisa que sobra é lata. Bastante lata. Com a experiência adquirida, meios à disposição e uma base de fãs alargada à espera de material de qualidade, não seria este o momento para se aplicarem um pouco mais no mister e menos na venda de uma popularidade de fôlego curto? Mesmo considerando, como diz uma amiga minha, que “todos temos a prestação da casa para pagar”, ouçam, rapazes, se querem fazer realmente algo que mude a face do humor em Portugal, esforcem-se mais. Matt Lucas, David Walliams, Julia Davis, Catherine Tate, French & Saunders et ali nem sempre são geniais, mas também não passam a vida a ajeitar o casaco e a gravata, a coçar o nariz e a trocarem one liners baços e autocomplacentes perante uma plateia enlatada. Não nos tomem por tolos, porque o Gato apodrece antes de se justificar tanto hype.

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