30.10.06

Zoo TV


Até quando nos vai o nepotismo mediático submeter ao horror de contemplar a Manuela Moura Guedes? Muito bem. A pobre não terá culpa de ter sido vítima da miopia do seu cirurgião plástico. Nós também não. Não temos culpa dos talhos e retalhos, inchaços e desinchaços que transformaram aquela bocarrona gulosa numa carantonha de pavor. Não se sabe se foi para desviar a atenção das dimensões despropositadas das suas interpelações, se para evitar que o público se ativesse a pormenores de somenos – inexistência de bom-senso, de fundamentação sólida, de coerência –, se pressões inelutáveis a levaram a retardar a marcha do tempo… Certo é que a boa e velha Manela não só tem agora a aparência de uma alcachofra gelificada – num corpo muito respeitável, reconheça-se – mas, pior, muito pior, continua a ser a mesma chanfradona incontrolável de outrora. Uma vedeta sem causa que ganhou protagonismo graças à mente enferma do mercenário mor do audiovisual português. Antes disso, enquanto aguardava na sombra do marido, o mamute dos noticiários nocturnos anunciava o Persil e, pelos vistos, andava a snifar a coisa, a ver pelas entrevistas que concedeu na época. Deprimida ou não, com rosas ou com cardos, com bisturi ou sem bisturi, por favor, já chega. Não impinjam ao povo a Manela, caracterizada como uma empanada expressionista, a mostrar as cuecas num vestido de prom queen. Muito menos enquanto entoa, com um solfejo soturno, melodias do André Sardet. Tanto constrangimento pode causar úlceras.

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