30.4.10

Revolução? Qual revolução?



Há alguns dias a SIC transmitiu uma reportagem coordenada por Cândida Pinto sobre a corrupção em Portugal. Apesar de se centrar nas negociatas entre câmaras e construtores civis, o retrato traçado foi tão representativo quanto lapidar. Nas implicações sombrias e nas consequências gravíssimas para as poucas consciências que ousaram agir. De centenas de denúncias resultaram zero condenações, muitos processos arquivados e tantos outros em lista de espera, numa babel de burocracia e água suja. Um trabalho jornalístico louvável que funciona, ironicamente, como dissuasor definitivo, na ilustração chocante de como a tua honestidade pode arrasar a tua vida. Impressionou-me, acima de tudo, o testemunho de Teresa Goulão, especialista em Direito do Ambiente e ex-presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana da Zona Oriental de Lisboa, entre outros casos abordados com contornos de thriller psicológico. A sua revolta e impotência perante o primado da escroqueria reflectem, de forma tragicamente vivida, o desalento de todos aqueles que vêem desaparecer inapelavelmente os últimos gramas de idealismo e de esperança neste pequeno grande cagalhão de país.

Este post deveria ter sido publicado a 25 de Abril. Fica a intenção.

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