Caro P.P.:
Se por um lado sei que dificilmente colocarás os olhos em cima disto, por outro não deixo de sentir uma certa pena de que alguém tão seguro de si e da verdade não seja confrontado com o ridículo dos seus cânones. Que te apanhem, por uma vez, fora do buraco que te deforma. Deixemos de lado a canónica estupidez de quem, no seu tempo, se julga detentor de certezas. As tuas convicções derivam da observação mais vazia, dos reflexos mais primários e da mais alarve resistência à complexidade da vida.
Para ti tudo é simples porque és, eminentemente, obtuso. Desces uma cortina de obscurantismo sobre um mundo paradoxal que não te interessa analisar. Bloqueias tudo o que te desafia e possa incomodar. Pior do que deixares essa mentalidade aconchegar-te à noite é apregoá-la a quem não a quer ouvir. É triste, não, é patético esse desprezo pelo bom senso, se não por uma humanidade elementar. Resumes tudo a três asnices, coladas com cuspo no desacerto da razão. É por isso que és bom nos trocadilhos. Os pensamentos passam rápida e ludicamente por um cérebro preso aos mecanismos da expressão, mas nunca à sua substância. Sim, porque nunca te vi uma ideia genuína, original, audaciosa. Só reinterpretações de formas gastas que não colocassem problemas, que não questionassem ou rompessem com os teus bem amados moldes. Os moldes a que te agarras com unhas e dentes, tão agressivamente como escorraçavas qualquer explicação mais exigente que te pudesse facultar.
As tuas ideias, se têm de existir, só como hipótese assustadora na tua dimensão. Remete-te à rotina enfadonha de sushi, vídeos caseiros e ciclocubrações e está calado. Sushi, pela Santa Igreja, que quebra de protocolo!
Se perdi tanto tempo com isto é porque um dia acreditei que seria possível trabalhar contigo. Porque um dia, de alguma forma, te tive em boa conta. Mas hoje, depois de tudo o que observei e mais tudo o que soube, só me resta um profundo e lapidar desprezo.
P.P., para se dizer as coisas que tu dizes não é preciso coragem, a coragem que me faltou para te confrontar. É preciso ser-se estúpido.
E nesse aspecto és triunfal. Triunfalmente estúpido.
A um ex-colega.
2 comentários:
glup :X
ah, e falta dizer que o gajo é estúpido.
Um Ratzinger lover.
Enviar um comentário