29.5.07

A bela aurora do porvir*


E andaram a Sociolinguística, a Psicolinguística e outras ciências sociais a labutar arduamente durante anos. Está mais ou menos estabelecido que as crianças adquirem a base das suas competências linguísticas muito cedo e que estas são indissociáveis da evolução no pensamento abstracto. Está decididamente estabelecido, por outro lado, que a compreensão de enunciados escritos e a cognição em geral são tão mais proficientes quanto melhor a criança/ jovem/ indivíduo manejar a língua convencionada, ESCRITA, portanto! Todos os textos são um pretexto aos quais o descodificador deve responder com um domínio adequado dos instrumentos sobre os quais recai a avaliação, e que lhe vão servir para a vida prática, sempre, para transmitir informação e conhecimentos a outros! Quem consegue decifrar um texto se não entende os códigos? Através de abstracção zen ou de metempsicose linguística? Quem consegue transmitir noções e intertextos relativos à informação que é dada se não possui aptidões verbais? “Estratégias distintas” seria classificar os erros por gravidade ortográfica, sintáctica e semântica (três faces do problema) e deles depreender o que dificulta a aprendizagem da Língua. Ou porque ocorrem sistematicamente. Mas é óbvio que têm de ser avaliados em conjunto, no processo de apreensão textual. Em CONTEXTO. Porque não: “A equação está errada mas vamos avaliar as aptidões gráficas do aluno”? Irra! Mais um pretexto para criar analfabetos, ter uma taxa fictícia de sucesso escolar, legitimar a preguiça e fazer de conta que as miseráveis infra-estruturas de ensino, que incluem a má formação generalizada (na faculdade, em casa, nas escolas) e a péssima implementação dos curricula não existem.

Se a língua fosse respeitada, seria bem mais desafiante fazer publicidade em Portugal e os estímulos que poderíamos criar seriam muito mais abrangentes e arriscados. De alguma forma, conseguiríamos promover inteligência. Vender, sim, mas com cabeça!

E é sempre a descer no futuro risonho do país, ao nível da Cofidis (foi a única rima que encontrei mas pareceu-
-me adequada).

(*Desculpa, Pedro, mas sempre achei que acabaria por arranjar uso para este extraordinário título.)

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