18.1.07

A vida não tem notas de rodapé











Babel sucumbe a um formalismo ambicioso que não é mais do que uma reciclagem desinsipirada de temas e formas anteriormente explorados. Já não é a primeira vez que Alejandro González Iñárritu lança o pathos como quem lança o caos e depois o tenta entrelaçar com uma vaga moralidade ecuménica – porque todo o sofrimento é redentor, caso não nos tenhamos apercebido. O rigor estético, no entanto, não é suficiente para resgatar o filme aos lugares-comuns da globalização nem o salva da fractura narrativa, disfarçada com cuspo de qualidade. Gustavo Santaolalla compôs uma partitura de precisão clínica, Rodrigo Prieto fotografou com uma crueza espartana e Iñárritu orquestrou todo o tipo de arabescos plásticos e sonoros para suportar as suas boas intenções, mas Babel não tem, simplesmente, dimensão espiritual. Forja situações de desespero e não se poupa a esforços para as rematar explicativamente, o que, recorrendo a uma linguagem tão alambicada, não deixa de ser um contra-senso.
Embora este seja o filme que os críticos do Y adoraram odiar, não é isento de alguns méritos, como o desempenho de Adriana Barraza, cuja humanidade transcende largamente a figura unidimensional que lhe deram no papel.

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