15.9.06

O Luís já foi à Paris


O Luís já foi à Paris e, como ele, dezenas de outras criaturas, vivas e inanimadas e, eventualmente, alguns objectos, de materiais e formas diversificadas. Essa é a única razão atribuível ao entusiasmo de milhares de rapazinhos púberes por este produto de aviário dourado, que vêem assim os seus sonhos húmidos legitimados e a estremecerem en plein soleil. Não há mais nada a dizer quando a epítome da vacuidade trash se converte no ídolo de adolescentes e pré-adolescentes um pouco por todo o mundo. Perante a inanidade, a insuperável bimbalhice e a mais liminar ausência de talento – talvez lhe falte descobrir a sua verdadeira vocação, ou, pelo menos, deixar de a assumir como um hobby caseiro –, só prevejo a aplicação de boas e velhas técnicas pedagógicas à maneira do astuto Herodes, de forma a prevenir a propagação do mal. De repente não temos adolescentes tradicionais, temos a Village of the Damned a querer dominar o mundo, lobotomizada e impelida por um instinto maléfico seminal: eliminar todo e qualquer sinal de inteligência nas gerações vindouras. Nos dias que correm um queijinho fresco teria maior versatilidade e esperança de vida artística do que uma alforreca sintética como a Paris. Mas pronto, perdemos de vez a inocência quando a Ana Faria se reformou.

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