4.9.08
Uma casa de outros tempos
A casa disse-me que se sentia desamparada. Que não merecia estar assim.
As entranhas pesavam-lhe e sentiam o cansaço pesaroso dos outros. O ar condicionado respirava por ela. Percorriam-na figuras anónimas com fatos e pretensões indistintos. As cócegas de outrora eram há muito manchas no pavimento. As conversas cruzadas já não a embalavam, faziam-na sentir-se cada vez mais por fora daquilo que levava dentro. Lamentou-se que já só era fachada para vaidades recônditas, e não tinha qualquer orgulho em exibir-se. Ali estava, simplesmente, falida e desenquadrada. Mas não, mas não, dona casa, o seu encanto não esmoreceu. Só por si vale a pena aqui passar. Seja menos negativa e olhe um pouco mais para fora, talvez aprenda coisas novas. A sua época pode ter sido outra, mas ainda vai a tempo de mudar. Convidou-me a entrar. Recusei. Fico feliz por contemplá-la, mas não desejo aprofundar a relação.
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