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A principal virtude de "Os Amigos de Dean" é a capacidade de orquestrar um vasto e respeitável elenco como um meio e não como um fim. Glenn Close é a mãe suburbana em desagregação, Carrie-Anne Moss a balzaquiana da porta ao lado, Ralph Fiennes, debatendo-se com o sotaque de origem, um político de pacotilha renascido para um
new age de pechisbeque e Rita Wilson a histriónica e egoísta aspirante a primeira dama. Estas e outras personagens enriquecem uma paisagem que, de outra forma, não teria cor nem picardia, lançando a história, tão amarga quanto descomprometida, num abismo niilista que não serviria tão bem essa imagem de uma América de plástico, mesquinha e tonta, da qual é preciso rir antes de se levar a sério. Dean (um contido Jamie Bell) transporta o
pathos e a sabedoria e, perante o absurdo que se amontoa à sua volta, acaba por ser o móbil da (breve) responsabilização da comunidade de adultos perante os seus póprios actos e os dos jovens que pretendem moldar à sua medida. Estão longe daqui a revolta e a corrosão de "Beleza Americana", mas o desempenho dos actores e a vaga tristeza que percorre o argumento fazem de "Os Amigos de Dean" um bom antídoto para o enjoo dos
blockbusters de Verão.