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Hunger é uma obra exigente. Demasiado exigente para seu próprio bem, porque, ao optar por uma narrativa fechada, pode alienar espectadores que, como eu, esperam mais contexto e mais informação. Não é um filme biográfico e tão-pouco um documento pró ou contra qualquer coisa. A quase ausência de diálogos (exceptue-se um momento chave onde o realizador consegue ancorar a mensagem, ainda que através de um mecanismo pesadamente formal), a sua sensibilidade muito própria e uma crueza por vezes demasiado literal transformam-no numa observação estética, desviando-o de um “propósito” fílmico convencionado. Mas é uma observação pertinente e intensa, que foca, sem escrutinar, os contornos da irracionalidade humana alimentada por verdades inexistentes.
Hunger é de uma exigência incómoda, que não deixará ninguém indiferente, mas é quase um dever ser confrontado com o seu olhar.
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